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São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2003

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Redução do desemprego ainda é dúvida

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de as condições serem mais favoráveis para a reposição da inflação nos salários dos trabalhadores, os economistas ainda têm dúvidas se a taxa de desemprego -hoje ao redor de 13%, segundo o IBGE- vai diminuir em 2004.
Não é só o número de vagas criadas que influencia a taxa de desemprego, mas também a variação da PEA (População Economicamente Ativa), formada por pessoas empregadas ou sem emprego.
Se mais pessoas procuram emprego, a PEA cresce, o que pode pressionar a taxa de desemprego, caso o número de vagas não evolua na mesma proporção.
"A taxa de desemprego só cairá quando o número de vagas criadas superar o de pessoas que procuram emprego a cada mês", diz Francisco Pessoa Faria, economista da LCA Consultores.
O aumento da oferta de vagas vai depender do ânimo de alguns setores da economia para investir. As indústrias que estão operando mais próximo do limite da capacidade, como as de papel e celulose e de siderurgia, já demonstraram intenção de expandir os seus negócios. Mas ninguém consegue prever ainda se esses investimentos vão gerar muito ou pouco emprego.
Para Luís Henrique Suzigan, economista-chefe da LCA Consultores, a capacidade da indústria de bens de capital e de bens intermediários -as mais dispostas em investir em 2004- de criar emprego é limitada.
"Vale lembrar que o setor industrial agrega apenas 17,5% da mão-de-obra empregada nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil [dado do IBGE]", diz.
Os investimentos anunciados por empresas desses setores, diz, são para reposição de máquinas, e não para ampliação de capacidade instalada, o que reduz a possibilidade de criar novas vagas. "Acredito que só a partir de 2005 o país vá ter condições para criar mais empregos."

Qualidade
Apesar de haver expectativa de melhora no mercado de trabalho em 2004, o economista do Dieese José Silvestre de Oliveira Prado diz que é preciso ver o tipo de emprego que será criado. "O que tem ocorrido é o aumento do trabalho informal, com renda e condições de trabalho mais precárias. O que tem crescido no país é o emprego de baixa qualidade, como o doméstico e o autônomo", afirma.
Nos nove primeiros meses de 2003, o número de trabalhadores informais se igualou ao de empregados formais, segundo o IBGE.
Com o aumento das contratações sem carteira e por conta própria, o número de trabalhadores informais atingiu 42,7% do total de empregados em setembro -em janeiro de 2003, o percentual era de 40,9%. O número de trabalhadores com carteira chegou a 43,6%. (FF e CR)


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