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PÉ NO FREIO
Cai o número de empresas que prevêem aumento no investimento; setor exportador é o mais afetado, diz FGV
Dólar e juros pioram expectativa da indústria
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO
Num cenário de juros elevados e
real valorizado, os empresários da
indústria estão menos otimistas
em suas projeções de crescimento
para 2006, segundo sondagem
conjuntural realizada em outubro
e divulgada ontem pela FGV
(Fundação Getulio Vargas).
Em outubro do ano passado,
com uma política econômica menos restritiva, as previsões do empresariado industrial para 2005
foram mais favoráveis em todos
os itens pesquisados pela FGV: faturamento, investimento, situação dos negócios, exportações,
importações e emprego.
Decorrido um ano entre uma
sondagem e outra, a taxa básica
de juros da economia, a Selic, pulou de 16,25% para 19,50%, e o dólar caiu de R$ 2,8 para R$ 2,2.
"Apesar do ambiente de estabilidade, a política econômica como
um todo foi responsável por esse
pior resultado das expectativas",
afirma o coordenador do Núcleo
de Pesquisas e Análise Econômicas da FGV, Aloísio Campelo.
Campelo ressalva que, embora
piores, as expectativas ainda
apontam um crescimento moderado, já que a quantidade de empresas com expectativas positivas
supera a de empresas com projeções desfavoráveis.
No ano passado, no momento
da sondagem, o setor industrial
operava a pleno vapor. O crescimento da indústria de transformação foi de 8,5% em 2004, mas
neste ano a projeção é de 3,3%. A
conjuntura pior se reflete nas expectativas para o futuro.
Das cerca de mil empresas ouvidas pela FGV, 38% pretendem investir mais no ano que vem em
máquinas e equipamentos. O número é menor do que os 52% registrados no ano passado.
"Os setores em que as expectativas estão menos favoráveis são os
mais ligados às exportações", afirma Campelo, referido-se aos setores de borracha, mobiliário, têxtil
e material de transportes.
Em relação às exportações, 53%
das companhias projetam acréscimo em 2006, ante 63% no ano
passado.
Já as previsões sobre o faturamento são as que demonstram,
de acordo com o economista Samuel Pessôa, da FGV, que, a despeito da piora em relação ao ano
passado, a expectativa é ainda positiva para o ano que vem.
A parcela de empresas que projeta receita maior em 2006 é de
72%, inferior à de 83% do ano
passado, mas ainda assim um número elevado.
"Os resultados são menos ruins
do que imaginamos ao olhar a
conjuntura da indústria hoje",
afirma Pessôa. A explicação é que
os empresários já projetam, de algum modo, que a taxa de juros vá
cair no ano que vem.
Quanto ao emprego na indústria, a sondagem mostra que o
percentual de empresas que planejam contratar mais do que demitir caiu de 47% no ano passado
para 30% neste ano.
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