|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
bastidores
Crise eleva cacife de Meirelles com Lula
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com o agravamento da crise econômica nos EUA, cresceu o cacife do presidente do
Banco Central, Henrique
Meirelles, com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo integrantes da cúpula
do governo, Lula fez elogios a
Meirelles nos últimos dias.
Segundo a Folha apurou, o
presidente disse que ele próprio já achou o BC "medroso" em excesso, mas que a
cautela da instituição teria
trazido mais benefícios do
que prejuízos ao Brasil durante o governo petista.
Nesse contexto, voltam a
ganhar força no Planalto as
avaliações de Meirelles, favorável a uma política monetária mais rigorosa. E perdem as posições do ministro
da Fazenda, Guido Mantega,
que considera os juros altos
da gestão Meirelles um obstáculo a um crescimento
mais robusto.
Há uma crônica tensão entre o BC e a Fazenda desde o
fim de março de 2006, quando o "desenvolvimentista"
Mantega substituiu o "monetarista" Antonio Palocci
Filho no comando da pasta.
Até os sinais de que a crise
dos EUA é mais grave do que
se pensava, Mantega vinha
conquistando espaço -embalado pela decisão de Lula
de priorizar o crescimento
da economia e se preocupar
menos com o controle da inflação no segundo mandato.
No ano passado, por
exemplo, Mantega venceu
uma importante batalha
contra Meirelles quando Lula optou por manter a meta
de inflação de 2009 em 4,5%
ao ano. Meirelles desejava
reduzir esse percentual ou
até mesmo o intervalo de
dois pontos percentuais para
mais ou para menos em relação ao centro da meta.
Em momentos de dificuldade do governo, como na
crise do mensalão (2005), o
conservadorismo do BC ganhou força no Planalto. Naquele ano, pouco antes da
pior crise política do governo
Lula, havia articulação do
próprio presidente para forçar o BC a baixar os juros.
Com o mensalão, o movimento foi esvaziado.
O agravamento da crise
americana teve o mesmo
efeito. Lula e Mantega tinham, por exemplo, expectativa de que os juros voltariam a cair em 2008. A Selic
está hoje em 11,25% ao ano.
No início de janeiro, ao
editar o pacote de aumento
de tributos e corte de gastos
para compensar a perda da
CPMF, o presidente e o ministro da Fazenda avaliaram
que o BC não teria motivo
para elevar a Selic neste ano.
No entanto, Lula e Mantega já acreditam que ficarão
no lucro político se o BC
mantiver os juros no atual
patamar. Reservadamente,
presidente e ministro da Fazenda não descartam a chance de elevação da Selic. Achariam a medida equivocada,
mas não teriam ambiente
político para dinamitá-la.
Ontem, na primeira reunião ministerial do governo
em 2008, Meirelles fez uma
exposição sobre a situação
econômica internacional.
Disse que o Brasil não sofreria um impacto "grande" da
crise americana. Voltou a dizer que os fundamentos econômicos do país são bons,
mas falou que o governo estava atento e tomaria medidas duras se necessário.
Texto Anterior: Crise nos mercados/ efeitos no Brasil: Turbulência aumenta custos do Tesouro Próximo Texto: Associação vê mudança nos investimentos Índice
|