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2007 já dá saudades em brasileiros, mas analistas vêem perdas menores no país
DO ENVIADO ESPECIAL
O ano de 2008 nem completou um mês, e Almir Guilherme
Barbassa, diretor financeiro da
Petrobras, já suspira: "2007 será um ano do qual sentiremos
saudades".
Detalhe essencial sobre o
contexto: Barbassa é um otimista, que acredita piamente
que o Brasil será relativamente
pouco afetado pela crise global,
porque "os fundamentos da
economia foram preparados
para enfrentar as dificuldades".
Mais otimista que ele só seu
chefe, José Sergio Gabrielli,
presidente da estatal: "Se a crise for suave e curta, de dois a
três trimestres, não terá nenhum efeito sobre a Petrobras
ou sobre o Brasil", decreta.
A queda nas ações da empresa não passou, para ele, de "um
pequeno ajuste de portfólio"
por parte de investidores.
De todo modo, o certo é que
não se falou uma única vez de
Brasil ou mesmo de América
Latina nos dois debates do dia
sobre a economia global, a não
ser quando os debatedores
eram provocados por perguntas (de brasileiros, claro).
"É uma boa notícia. Mostra
que não somos parte do problema", consola-se o argentino Félix Peña, diretor do Instituto de
Comércio Internacional.
Só provocado por uma pergunta da Folha é que o catastrofista Nouriel Roubini disse
que o Brasil, graças às políticas
sadias e à sorte, estava em melhores condições de enfrentar a
crise. Nem por isso deixará de
passar por "tempos duros".
A tese parece valer para o
conjunto da América Latina.
Guillermo Ortiz, presidente do
Banco Central mexicano, diz
que "a América Latina está
mais preparada do que nunca
para lidar com a crise", mas não
conseguirá escapar de seus
efeitos. "Estamos apenas no
começo da crise, no assalto 1 ou
2 de uma luta em 15 assaltos."
Ángel Gurria, diretor-geral
da OCDE, concorda: "Toda a
América Latina é muito sensível a uma redução da atividade
econômica nos Estados Unidos, pelo lado das importações,
dos investimentos e do sistema
financeiro". O contágio maior,
no entanto, virá, diz Gurria,
"por um problema de confiança bastante importante".
Já Felipe Larraín, professor
de Economia da Universidade
Católica do Chile, prefere esperar para ver o tamanho da desaceleração (ou recessão) nos Estados Unidos antes de fazer
previsões para a América Latina. "Se for moderada, a América Latina está relativamente
em boa forma", diz.
Larraín distingue entre México, países centro-americanos
e andinos dos países do Cone
Sul, supostamente mais protegidos. "Menos de 25% de suas
exportações vão para os Estados Unidos. Então, é preciso
esperar para ver o efeito da crise na China e na Índia, grandes
consumidores de commodities
[fator fundamental para a "boa
forma" latino-americana]. Se o
crescimento chinês cair para
6% ou 7%, estaremos com problemas."
O único incondicional otimista é Fred Bergsten, reputado especialista em comércio e
câmbio, para quem o Brasil
perderá menos de um ponto
percentual de crescimento em
conseqüência da crise. "Não é
tão integrado à economia mundial", explica.
(CR)
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