São Paulo, quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

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Economia dos EUA segue forte, diz Condoleezza

MARIA CRISTINA FRIAS
ENVIADA ESPECIAL A DAVOS

A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, disse ontem, no painel de boas-vindas ao Fórum Econômico Mundial de 2008, em Davos, na Suíça, que os "EUA continuarão a ser uma locomotiva de crescimento econômico".
"A economia norte-americana é resiliente e seus fundamentos de longo prazo são saudáveis", afirmou. Rice, que esteve há dois anos em Davos, havia prometido voltar. "Antes tarde do que nunca", desculpou-se com Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico.
O retorno coincidiu com o agravamento da crise nos EUA. Com as Bolsas mundiais despencando, a preocupação e o pessimismo com a recessão norte-americana dominaram vários debates do primeiro dia do Fórum.
Entre a "turbulência do mundo de hoje", Rice citou a "crescente preocupação acerca da própria globalização, uma percepção de que cada vez mais é alguma coisa acontecendo para nós, não controlada por nós".
Executivos presentes ao Fórum elegeram a falta de resposta coordenada e de liderança como a maior ameaça ao crescimento econômico mundial, com 18,50% dos votos. Muitos empresários criticaram o que consideram falta de controle do Fed e de outros bancos centrais com relação à crise nos EUA.
Rice disse ter decidido "assumir o risco de falar da importância de ideais e da necessidade de otimismo no poder". Em defesa da política externa norte-americana, a secretária de Estado afirmou que os EUA "não têm inimigos permanentes, podem ter amigos em qualquer país que compartilha de seus valores e acredita que a diplomacia possa fazer um mundo onde possam se tornar amigos".
Quando americanos falam de idealismo e otimismo, platéias internacionais ficam nervosas, segundo Rice.
"Há uma longa tradição internacional que vê a América como sendo jovem e naïf."
Apesar da crise nos EUA, Rice ainda disse que o governo trabalha para uma ordem econômica mais justa e que tem de promover um mundo mais livre e democrático.
Rice disse ter de concordar que a ênfase na democracia no Oriente Médio é controversa. "Alguns dizem que a situação piorou. Comparada a quê?", disse. "Pior que a tirania de Saddam Hussein, que horrorizou vizinhos e cuja herança são 300 mil corpos de gente inocente?"
Rice afirmou que os EUA não querem ter no Irã um inimigo permanente.
"Não temos conflito com o povo iraniano, mas com o governo, que apóia o terrorismo, a desestabilização do Iraque. Não queremos que o Irã se torne uma potência nuclear. Continuaremos a fazer com que cumpram suas obrigações internacionais."
O discurso de Rice foi elogiado pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.
Quanto ao debate econômico, Blair disse que é positivo que as pessoas em Davos queiram olhar o imediato. "As pessoas estão preocupadas com a situação econômica, mas até o fim da semana vão focar na mudança de clima e no Oriente Médio."


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