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Lula adia a divulgação de pacote habitacional
Falta consenso entre ministros sobre medidas
SHEILA D'AMORIM
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da falta de consenso
dentro do governo sobre as
principais medidas em discussão para estimular o setor de
habitação, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva decidiu
suspender a divulgação do pacote, previsto para ser anunciado na semana que vem.
Segundo a Folha apurou, em
uma reunião na tarde de quinta-feira com os principais ministros envolvidos no debate, o
presidente considerou que o
trabalho não está maduro o suficiente para ser oficialmente
lançado.
A alternativa que ainda estava sendo analisada pelo Palácio
do Planalto era anunciar inicialmente parte das medidas
-aquelas destinadas à classe
média e desoneração de produtos usados na construção civil.
Num segundo momento, seria divulgado o pacote para a
população de baixa renda, mas
tudo foi adiado.
O objetivo do pacote é permitir a construção de 500 mil
novas unidades neste ano.
Segundo relato de um dos
presentes, Lula disse que as
ideias apresentadas são "um
bom começo", mas demonstrou irritação com a falta de
concordância entre os ministros em torno de várias das cerca de 20 medidas listadas.
O foco principal são famílias
com renda até R$ 2.000. Como
a baixa renda precisa de subsídios e garantias, o que envolve
a utilização de dinheiro do Orçamento, há uma queda de braços com a área econômica.
Um ponto em que falta acordo é a criação de um fundo garantidor para fazer com que os
bancos financiem a compra da
casa própria pelas famílias com
menor poder aquisitivo. Não
foi possível decidir se o fundo
cobrirá apenas os primeiros
cinco anos ou todo o período
do financiamento.
Além disso, a proposta prevê
que o fundo seja usado para incentivo ao pagamento em dia,
dando bônus equivalente ao
valor da prestação para quem
não atrasar durante determinado período e ainda sirva para
quitar parcelas no caso de demissão do mutuário.
Limitar prejuízo
O Ministério da Fazenda
concorda com a concessão de
garantias para reduzir o risco
de inadimplência, mas quer definir regras que limitem o prejuízo máximo do governo em
caso de não-pagamento.
Outro ponto em debate prevê
a redução do tempo gasto para
construção de empreendimentos imobiliários. Segundo a Folha apurou, a proposta é o tempo médio passar de 36 meses
para 11 meses. Isso retirando
"empecilhos burocráticos de
fiscalização" das obras, exigência de documentação, trâmites
e custos cartoriais.
Para a classe média, está
mantida a proposta de elevar o
valor do imóvel que pode ser
adquirido com recursos do
FGTS. Atualmente, o valor máximo é de R$ 350 mil. Deve subir para R$ 500 mil. Há propostas também de novas desonerações do IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) sobre materiais de construção.
O pacote habitacional vem
sendo usado pelo governo como forma de estímulo à economia. A equipe do ministro Guido Mantega (Fazenda) considera que as medidas podem
amenizar os efeitos da crise no
país e ainda gerar empregos.
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