São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula adia a divulgação de pacote habitacional

Falta consenso entre ministros sobre medidas SHEILA D'AMORIM
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diante da falta de consenso dentro do governo sobre as principais medidas em discussão para estimular o setor de habitação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu suspender a divulgação do pacote, previsto para ser anunciado na semana que vem.
Segundo a Folha apurou, em uma reunião na tarde de quinta-feira com os principais ministros envolvidos no debate, o presidente considerou que o trabalho não está maduro o suficiente para ser oficialmente lançado.
A alternativa que ainda estava sendo analisada pelo Palácio do Planalto era anunciar inicialmente parte das medidas -aquelas destinadas à classe média e desoneração de produtos usados na construção civil.
Num segundo momento, seria divulgado o pacote para a população de baixa renda, mas tudo foi adiado.
O objetivo do pacote é permitir a construção de 500 mil novas unidades neste ano.
Segundo relato de um dos presentes, Lula disse que as ideias apresentadas são "um bom começo", mas demonstrou irritação com a falta de concordância entre os ministros em torno de várias das cerca de 20 medidas listadas.
O foco principal são famílias com renda até R$ 2.000. Como a baixa renda precisa de subsídios e garantias, o que envolve a utilização de dinheiro do Orçamento, há uma queda de braços com a área econômica.
Um ponto em que falta acordo é a criação de um fundo garantidor para fazer com que os bancos financiem a compra da casa própria pelas famílias com menor poder aquisitivo. Não foi possível decidir se o fundo cobrirá apenas os primeiros cinco anos ou todo o período do financiamento.
Além disso, a proposta prevê que o fundo seja usado para incentivo ao pagamento em dia, dando bônus equivalente ao valor da prestação para quem não atrasar durante determinado período e ainda sirva para quitar parcelas no caso de demissão do mutuário.

Limitar prejuízo
O Ministério da Fazenda concorda com a concessão de garantias para reduzir o risco de inadimplência, mas quer definir regras que limitem o prejuízo máximo do governo em caso de não-pagamento.
Outro ponto em debate prevê a redução do tempo gasto para construção de empreendimentos imobiliários. Segundo a Folha apurou, a proposta é o tempo médio passar de 36 meses para 11 meses. Isso retirando "empecilhos burocráticos de fiscalização" das obras, exigência de documentação, trâmites e custos cartoriais.
Para a classe média, está mantida a proposta de elevar o valor do imóvel que pode ser adquirido com recursos do FGTS. Atualmente, o valor máximo é de R$ 350 mil. Deve subir para R$ 500 mil. Há propostas também de novas desonerações do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre materiais de construção.
O pacote habitacional vem sendo usado pelo governo como forma de estímulo à economia. A equipe do ministro Guido Mantega (Fazenda) considera que as medidas podem amenizar os efeitos da crise no país e ainda gerar empregos.


Texto Anterior: Consumo de energia recua pela 1ª vez desde o apagão
Próximo Texto: Telefonia: CVM obriga Telco a fazer oferta a minoritários
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.