São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2009

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análise

Condicionar crédito é inócuo, diz especialista

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A medida anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de condicionar a concessão de empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) à geração de empregos é avaliada como inócua por especialistas ouvidos pela Folha. Segundo eles, trata-se mais de ação de efeito moral, porque o banco já considera a criação de vagas na análise de projetos.
O BNDES divulgou que em 2008, com desembolso de R$ 90,878 bilhões, foram criados 2,8 milhões de empregos. Esse montante se refere a vagas durante a construção dos empreendimentos, e não ao total de empregos fixos após o início das operações.
"Não é a geração líquida, mas o total de empregos que foram criados ou mantidos durante as obras por conta do financiamento. Em 2008, houve um aumento expressivo por conta do maior volume de investimentos na economia e das obras de infraestrutura, que também tiveram efeito positivo", diz Roberto Oliveira, do BNDES. Em 2007, houve a geração de 1,977 milhão de empregos.
Reportagem da Folha mostrou que setores contemplados com recursos do banco foram também os que mais demitiram. O banco afirma que acompanha a geração de vagas ao longo do andamento do projeto. Os financiamentos do banco são liberados em parcelas, seguindo a evolução das obras.
O ex-presidente do BNDES Carlos Lessa afirma que a fiscalização da criação de vagas é praticamente inexistente. "Uma equipe costuma visitar o local, mas ninguém vai sair contando o número de empregados. Condicionar financiamento à manutenção de emprego é uma medida de efeito moral."


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