São Paulo, domingo, 24 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empurrada por governos, dívida só tende a crescer com o acréscimo de juros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Criado em junho de 1967 para cobrir saldos residuais de contratos de financiamento habitacional, o FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais), de acordo com a concepção original, não deveria ter hoje um rombo tão elevado quanto os R$ 82,2 bilhões que ainda aguardam regularização.
Isso porque os próprios bancos que concederam os financiamentos e os mutuários que tomaram os empréstimos também contribuíram para o fundo. No entanto a União fez o valor crescer de forma explosiva nos anos 1980.
Nessa época, a inflação disparou e o governo determinou que as prestações dos contratos em vigor não fossem reajustadas integralmente.
Com isso, o valor pago mensalmente pelos mutuários era reajustado com base num índice, diferente do que corrigia o saldo devedor remanescente.
O resultado foi que o saldo residual que deveria ser assumido pelo FCVS se tornou uma montanha que, a valores de hoje, ultrapassa os R$ 150 bilhões. Isso considerando o total atualizado da parcela dos créditos já transformados em títulos (R$ 69,3 bilhões) e os R$ 82,2 bilhões ainda não reconhecidos oficialmente na dívida pública.
O problema vem sendo empurrado de governo para governo por causa dos próprios limites fiscais para assumir na contabilidade pública uma dívida desse tamanho de uma hora para outra.
Essa dívida, porém, só tende a crescer com a incorporação de juros. Como boa parte dela nem sequer está oficializada, os juros não são quitados, apenas incorporados contabilmente pelos bancos para serem pagos retroativamente algum dia.
Assim, a exemplo do que ocorreu há mais de 20 anos, o novo esqueleto ficará para administrações futuras. (SD)


Texto Anterior: Bancos em liquidação levam R$ 200 mi
Próximo Texto: Parmalat pede inquérito contra ex-coligadas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.