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Empurrada por governos, dívida só tende a crescer com o acréscimo de juros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Criado em junho de 1967 para cobrir saldos residuais de
contratos de financiamento habitacional, o FCVS (Fundo de
Compensação de Variações Salariais), de acordo com a concepção original, não deveria ter
hoje um rombo tão elevado
quanto os R$ 82,2 bilhões que
ainda aguardam regularização.
Isso porque os próprios bancos que concederam os financiamentos e os mutuários que
tomaram os empréstimos também contribuíram para o fundo. No entanto a União fez o valor crescer de forma explosiva
nos anos 1980.
Nessa época, a inflação disparou e o governo determinou
que as prestações dos contratos
em vigor não fossem reajustadas integralmente.
Com isso, o valor pago mensalmente pelos mutuários era
reajustado com base num índice, diferente do que corrigia o
saldo devedor remanescente.
O resultado foi que o saldo
residual que deveria ser assumido pelo FCVS se tornou uma
montanha que, a valores de hoje, ultrapassa os R$ 150 bilhões.
Isso considerando o total atualizado da parcela dos créditos já
transformados em títulos (R$
69,3 bilhões) e os R$ 82,2 bilhões ainda não reconhecidos
oficialmente na dívida pública.
O problema vem sendo empurrado de governo para governo por causa dos próprios limites fiscais para assumir na contabilidade pública uma dívida
desse tamanho de uma hora para outra.
Essa dívida, porém, só tende
a crescer com a incorporação
de juros. Como boa parte dela
nem sequer está oficializada, os
juros não são quitados, apenas
incorporados contabilmente
pelos bancos para serem pagos
retroativamente algum dia.
Assim, a exemplo do que
ocorreu há mais de 20 anos, o
novo esqueleto ficará para administrações futuras.
(SD)
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