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Vale-refeição cobre apenas 55% do gasto
Tíquete médio recebido pelos trabalhadores em 2009 ficou em R$ 10, e custo da refeição fora de casa, em R$ 18,20, aponta pesquisa
Em 2008, disparidade era menor, diz associação de empresas de alimentação; refeições são mais caras no Sudeste e no Centro-Oeste
GIULIANA VALLONE
DA FOLHA ONLINE
O vale-refeição médio pago
aos trabalhadores brasileiros
em 2009 ficou cerca de 45%
abaixo do preço cobrado nos
restaurantes do país, aponta
pesquisa da Assert (Associação
das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o
Trabalhador). Conforme os dados, no ano passado, o trabalhador pagava, em média, R$ 18,20
por refeição, enquanto o valor
recebido da empresa estava em
cerca de R$ 10,00 ao dia.
Essa disparidade cresceu em
relação a 2008, quando, segundo a Assert, o valor médio da refeição era de R$ 16,30, ante R$
9,50 do tíquete pago.
"Os preços são altos para a
realidade brasileira. O que você
tem não é suficiente para pagar
as refeições. Essa é uma contradição que nós temos de enfrentar", afirmou o presidente da
Assert, Artur Almeida.
A pesquisa mostra que, mesmo com os preços sob controle
no ano passado -o IPCA subiu
4,31%, abaixo da meta do governo, de 4,5%-, o valor da refeição fora de casa para os trabalhadores que recebem o benefício registrou um aumento
de cerca de 11% no período.
"A alimentação fora de casa
foi a maior contribuição para a
inflação em 2009, com alta de
9,05%, segundo o IPCA [Índice
de Preços ao Consumidor Amplo]", afirmou Almeida. "Os
preços estão em sintonia com o
apresentado pelo IBGE."
A Assert realizou o levantamento em 3.224 estabelecimentos que operam com o sistema de vale-refeição em 22 cidades. Entre as cinco regiões,
as que registraram a refeição
(composta por bebida, prato
principal, sobremesa e café)
mais cara foram Centro-Oeste
e Sudeste, com R$ 19,10. Em seguida vem o Norte, com R$
16,90, seguido pelo Nordeste
(R$ 15,60) e pelo Sul (R$ 15,40).
Almeida explicou que os preços na região Centro-Oeste são
puxados por Brasília, que tem
uma renda média mais alta e
custo de vida maior. "No caso
do Sul, já há uma tradição de refeições mais baratas naquela
região", disse.
Custos
De acordo com o presidente
da Assert, o aumento nos preços no ano passado foi influenciado pela elevação nos custos
administrados pelo governo,
como água (que subiu 4,42%,
segundo o IPC-Fipe, que mede
a inflação na cidade de São Paulo), energia (10,93%) e gás
(12,13%). Entre os alimentos,
ele destacou a alta do açúcar
(58,39%), da cebola (41,45%) e
da batata (43,71%).
Neste ano, porém, com uma
melhora esperada nas condições econômicas do país, o cenário deve ficar mais positivo
para os trabalhadores, na opinião de Almeida.
O presidente da Assert afirmou que, ainda que os preços
não baixem devido ao aumento
da demanda, a renda média do
trabalhador deve voltar a subir
e sua capacidade de negociar os
benefícios com as empresas
também aumentará. "2010 será
um ano muito bom para a indústria", exemplificou.
De acordo com os números
fornecidos pela Assert, existem
no Brasil cerca de 200 mil estabelecimentos credenciados no
sistema de tíquete-refeição no
país. A estimativa da associação
é que cerca de 6,5 milhões de
pessoas utilizem esse tipo de
benefício no Brasil.
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