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TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
Tecnologia pode fortalecer novas redes sociais globais
GILSON SCHWARTZ
ARTICULISTA DA FOLHA
O leitor mais fiel desta coluna terá percebido o surgimento de comentários sobre
um tema ou tendência no sistema internacional: a formação de
redes e o impacto das tecnologias de informação e comunicação, como a internet, nesse processo global.
As pesquisas sobre redes sociais combinam antropologia,
sociologia, história, filosofia,
psicologia social, ciência política, geografia, biologia, economia e ciências da comunicação.
A explosão recente das novas
tecnologias de informação e comunicação, no entanto, ampliou as possibilidades teóricas e
práticas de desenvolvimento
dessas redes.
Destacaram-se recentemente
idéias como as de Manuel Castells, falando de sociedades em
rede, Pierre Levy, tratando do
surgimento de uma inteligência
coletiva, ou Nicholas Negroponte, abordando a vida digital.
Em todo o mundo se buscam
novos modelos de organização
da economia e da sociedade em
que redes passam a ter mais relevância que certos padrões de
funcionamento dos mercados e
da legislação herdados do capitalismo industrial.
Na USP, o Instituto de Estudos
Avançados abriu há dois anos
um concurso público para pesquisadores interessados em explorar esse universo.
Assim nasceu o projeto de
construção de uma rede global
de comunicação e cooperação
entre estudantes e trabalhadores, a Cidade do Conhecimento,
sob a direção acadêmica deste
escriba.
As inscrições em projetos cooperativos da Cidade para alunos
e professores do ensino médio e
para trabalhadores vão até o dia
31 e podem ser feitas pelo site
www.cidade.usp.br.
O objetivo dos cidadãos que se
conectarem a essa rede é construir modelos de produção
compartilhada, cooperativa ou
solidária de conhecimento. A
melhor universidade do país
abre-se mais à sociedade civil
organizada em redes.
Escolas de ensino médio, organizações governamentais e
não-governamentais, empresas
privadas e instituições de ensino
e pesquisa estão aderido a projetos cooperativos estruturados
em redes de informação e comunicação certificadas pela
USP.
A Cidade do Conhecimento já
nasce global, introduzindo novas práticas pedagógicas na pós-graduação com a cooperação de
órgãos como o IPT, no Brasil, e o
"Media Lab", do MIT.
Há alguns meses, aliás, o MIT,
meca da tecnologia global, em
especial das tecnologias de informação e comunicação, anunciou que vai colocar, em dez
anos, todo o conteúdo de seus
cursos gratuitamente na internet. Mas quem quiser interagir
com alunos e professores do
MIT vai ter de pagar as suas taxas e mensalidades.
O conteúdo produzido na Cidade do Conhecimento será público e gratuito. Mas as oportunidades de interação da sociedade com alunos, professores, funcionários e pesquisadores da
USP serão gratuitas também
(para quem pertença a organizações do setor público ou esteja
em situação de exclusão social).
Alunos do ensino médio, da
graduação e da pós vão interagir
com profissionais de todas as
áreas, empregados, desempregados ou aposentados.
O conhecimento assim produzido poderá gerar novas tecnologias e riqueza que também serão compartilhadas pelos cidadãos conectados à rede da USP.
Surge assim um mecanismo
de distribuição de renda e oportunidades de emprego diretamente ligado à democratização
do sistema de produção de conhecimento, ciência, tecnologia
e cultura.
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