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LUÍS NASSIF
Marketing e planejamento
Em vez de gastar dinheiro
em campanhas publicitárias, melhor faria Luiz Gushiken -secretário de Comunicação e Planejamento Estratégico- em investir na segunda
função da sua secretaria. Até
para poder dispor de elementos
que tornem as campanhas publicitárias convincentes.
Um guru do planejamento
estratégico no Brasil dá a receita. O primeiro passo é definir
uma visão para o país, que tem
que ser simples e objetiva e dar
direção para as pessoas seguirem.
Em sua campanha, Fernando Collor, sem querer, conseguiu sintetizar a missão quando anunciou que a intenção de
seu governo seria elevar o Brasil a Primeiro Mundo.
O segundo passo é a análise
de todos os fatores que interagem com o país -a chamada
análise da situação externa.
Quais as ameaças ao Brasil?
Essa pergunta é fundamental,
até para política de segurança.
Hoje em dia existem no mundo ameaças de doenças, em homens e animais, ameaças de
terrorismo. O sistema de abastecimento de água no Brasil é
totalmente desprotegido. Um
alucinado qualquer pode entrar em uma estação de tratamento de água e envenenar
uma região inteira com a
maior facilidade.
Na época da crise de energia,
foi feita uma verificação em
900 hospitais brasileiros, para
saber quem dispunha de geradores que pudessem funcionar
em caso de apagão. Apenas 40
deles tinham.
Outro exemplo. O petróleo no
mundo tem 700 bilhões de barris de reservas comprovadas
-ou 30 anos de consumo. Em
um certo momento, vai explodir o preço. Qual será o comportamento da curva de preços
e quais as alternativas viáveis
ao país? Hidrogênio? Biomassa? Energia nuclear?
As universidades estão paradas, sem estímulo e sem salários. E todo o seu conhecimento
não está sendo aproveitado.
Gushiken deveria estar articulando todos esses centros de conhecimento -universidades,
institutos, grandes empresas,
Petrobras, Eletrobrás, BNDES
etc.- para produzir o diagnóstico.
Só a partir do diagnóstico podem ser montadas políticas públicas consistentes. A política
de ciência e tecnologia vai colocar dinheiro onde, para estudar hidrogênio, energia eólica?
Depende do diagnóstico prévio
para ver se é viável.
Esse processo tem que ser feito e refeito continuamente. A
secretaria tem que ser o escritório de planejamento estratégico da Presidência, reforçando o
papel do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) como uma agência que articule
esses centros de conhecimento.
Esse é o primeiro passo, essencial não apenas para dar
um rumo ao governo mas para
reconstruir a governabilidade.
Fischer
Eduardo Fischer me liga para
explicar sua posição no caso
AmBev -com o comercial
acusando Zeca Pagodinho de
"traíra". No plano do marketing, da comunicação de massa, diz ele, quando subtraiu Pagodinho da Schincariol, a campanha da AmBev dizia que ele
tinha voltado "por amor". A
única resposta eficiente seria
contar a razão principal, que
foi por dinheiro. No plano dos
formadores de opinião e no
plano legal está lutando com
todas as armas de que dispõe
para denunciar a ação dos
concorrentes. Retiro a "Lei de
Fischer".
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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