São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Folhainvest

Ferramentas ajudam a reduzir risco na Bolsa

Contratos futuros do Ibovespa e opções de ações funcionam como uma proteção contra possíveis perdas no mercado acionário

Esse tipo de instrumento é indicado em momentos em que o risco sistemático, que afeta o mercado todo, aumenta, dizem analistas

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Os pequenos investidores no mercado brasileiro de ações têm ficado bastante assustados com as turbulências enfrentadas pela Bovespa neste início de ano. As perdas acumuladas em 2008 ultrapassam 7%, e assíduos episódios de grandes altas e grandes baixas testam o sangue-frio dos investidores. Em momentos como esse, eles se perguntam o que fazer para minimizar as perdas.
"O investidor que acompanha a sua carteira de ações de perto, monitora as suas posições pelo menos diariamente, pode lançar mão de alguns instrumentos a fim de melhorar o retorno", explica Sandro Endler, operador da corretora SLW. "No entanto quem comprou ações como uma poupança de longo prazo não precisa utilizá-los, é bom ressaltar", afirma.
As ferramentas às quais Endler se refere são o contrato futuro do Ibovespa (principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo) e as opções de ações, ambos negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Elas são indicadas quando, como agora, aumentou o risco sistemático, ou seja, aquele que afeta o mercado todo.
Comprar um minicontrato do Ibovespa futuro é recomendado pelos analistas se o investidor tem uma carteira grande, cuja composição seja semelhante à do índice. Atualmente, fazem parte do indicador os 64 papéis mais negociados. Os que têm maior peso são os preferenciais da Petrobras e da Vale do Rio Doce.
"Apostando que a Bolsa vai cair, o investidor pode vender o índice futuro e, dessa maneira, fazer o hedge [proteção] da sua carteira", explica Ricardo Fontes, consultor financeiro e professor. Muitas corretoras oferecem essa alternativa para o cliente pelo "home broker", o sistema de negociação para pessoa física pela internet.
O minicontrato é uma fração do contrato, pois este é grande e caro demais para o bolso do pequeno investidor. O preço é de R$ 3 para cada ponto do índice, no caso do contrato, e de R$ 0,30 no mini. Se o Ibovespa está em 60 mil pontos, o preço do contrato é R$ 180 mil e o do mini, R$ 18 mil . Não é necessário pagar o valor total para adquiri-lo, mas uma porcentagem dele como garantia.
Quando se vende esse minicontrato, aposta-se que o índice vai cair do patamar atual. Por exemplo, se a Bovespa está em 60 mil pontos e cai para 59 mil, o investidor que pediu à corretora para vender cem minicontratos ganha a diferença de mil pontos da queda do índice multiplicado por R$ 0,30 para cada contrato: R$ 3.000 (sem considerar as taxas de corretagem). A liquidação dos contratos acontece nos meses pares, uma quarta-feira por mês.
Assim, se há uma baixa da Bolsa, as ações se desvalorizam e o investidor perde; mas, tendo vendido um minicontrato de Ibovespa futuro, ele ganha e compensa os prejuízos.
Já as opções de ações são usadas quando a carteira do investidor é menor e menos diversificada. Comprar uma opção de venda garante o direito de vender uma ação por um determinado valor. Se o investidor espera que o papel se desvalorize, compra uma opção de venda para ter certeza de que poderá se desfazer dela pelo preço que deseja, evitando, assim, perdas com grandes baixas. Quem vai comprar as ações é o investidor que está na outra ponta e vendeu a opção de venda.
As opções vencem mensalmente. Se a ação de uma certa empresa está custando hoje R$ 50, por exemplo, e o investidor compra uma opção de venda a R$ 48, ele precisa pagar um prêmio no ato -suponhamos que seja R$ 2 por opção. Se, no vencimento, a ação estiver valendo R$ 55, o investidor não exerce a opção e perde o valor pago por elas. No entanto, ao contrário, caso a ação caia para R$ 45, ele pode exercer a opção e vendê-las por R$ 48, compensando as perdas com a desvalorização dos papéis que possui em sua carteira.
"Essas ferramentas são muito úteis, mas é essencial que o investidor se informe profundamente antes de empregá-las", destaca Endler.


Texto Anterior: Em SP, novo empreendimento abre na quinta

Próximo Texto: Planejamento é a melhor tática contra incerteza
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.