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memória
Disputa entre sócios se repete nas licitações
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Conflitos entre empresas vencedoras de leilões
para concessões de serviço
público -como ocorreu
na licitação para Usina de
Belo Monte- são recorrentes no Brasil pelo menos desde a privatização
do Sistema Telebrás, em
1998. À época, houve desentendimento em pelo
menos três consórcios, seja por interferência do governo, seja por interesses
divergentes entre os empresários.
Na privatização da Telemar, foi o governo quem
instalou a crise dentro do
consórcio vencedor -formado pelos grupos La
Fonte (do empresário
Carlos Jereissati), pela
construtora Andrade Gutierrez, por Inepar, Macal
e seguradoras ligadas ao
Banco do Brasil. Grandes
fundos de pensão estatais,
capitaneados pela Previ,
aderiram ao consórcio depois do leilão, e o governo
forçou a entrada do
BNDES, que ficou com
25% do capital.
Os bastidores da disputa
entre os integrantes do
consórcio e o governo, em
torno da privatização da
Telemar, vieram à tona
meses depois do leilão de
privatização, no momento
em que apareceram as fitas com o resultado de um
grampo telefônico ilegal
colocado na presidência
do BNDES. O grampo
mostrou que o BNDES
mobilizou até o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso,
em favor de um outro consórcio interessado na Telemar.
Esse não foi o único conflito ocorrido na privatização da Telebrás. A venda
da Telesp (atual Telefônica) também colocou empresários em pé de guerra.
A Telefónica de España
havia se associado a RBS
(Rede Brasil Sul), Portugal
Telecom, Banco Bilbao
Vizcaya e Iberdrola para
comprar a Brasil Telecom.
Mas os espanhóis estavam
interessados, de fato, era
na Telesp.
Os executivos da Telefónica tinham combinado
com o grupo gaúcho RBS
que fariam uma oferta
apenas simbólica pela Telesp para estimular a competição, mas diziam que a
oferta efetiva seria pela
Brasil Telecom. Somente
no correr do leilão, o presidente da RBS, Nelson Sirotsky, soube que o alvo
dos espanhóis era a Telesp. Ele acompanhava o
leilão no pregão da Bolsa
do Rio de Janeiro e voltou
para o Rio Grande do Sul
sem falar com os executivos espanhóis.
Anos depois do leilão da
Telebrás, descobriu-se
também que não existia
um entendimento entre o
grupo canadense TIW e o
grupo Opportunity, que
haviam se associado para
comprar as concessões para o serviço de telefonia
celular nas regiões Sul e
Centro-Oeste.
O conflito mais explosivo, no entanto, aconteceu
dentro da Brasil Telecom,
envolvendo novamente o
grupo Opportunity, a Telecom Italia e fundos de
pensão estatais. A disputa
só foi aplacada em 2008,
quando a Oi comprou a
Brasil Telecom e os acionistas, para viabilizar o negócio, retiraram todas as
ações judiciais que tinham
uns contra os outros.
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