|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Relação dívida/PIB deve piorar
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A alta contínua dos juros promovida pelo Banco Central trará
efeito adicional negativo para a
economia, além da diminuição do
ritmo de crescimento do país. A
razão entre a dívida pública e a
economia deverá ter uma pequena deterioração na comparação
com 2004, segundo cálculos de especialistas ouvidos pela Folha.
Também conhecida como relação dívida/PIB (Produto Interno
Bruto -soma das riquezas produzidas pelo país), é um dos principais indicadores da vulnerabilidade externa da economia. É levado em conta na análise de investidores estrangeiros e das agências
de classificação de risco de crédito
para medir a capacidade do país
de honrar sua dívida.
Depois de a dívida ter chegado a
representar 61,65% do PIB em setembro de 2002, o percentual caiu
para 51,60% em dezembro de
2004. Os analistas estimam que a
relação ficará ao redor de 52%.
Na avaliação de integrantes do
governo, segundo a Folha apurou, isso significa estabilidade, o
que deveria ser interpretado pelo
mercado como algo positivo, depois da forte queda registrada entre 2003 e 2004.
O economista Fábio Akira, do
banco JP Morgan, discorda. "O
objetivo [para a razão dívida/PIB]
é cair. Não olho tranqüilo, aliviado para a dinâmica da dívida."
No final do ano passado, Akira
estimava que seria mantida em
2005 a tendência de queda da dívida em percentual do PIB, que
fecharia o ano abaixo de 51%.
"Mas trabalhávamos com taxa de
crescimento maior da economia e
com juros bem mais baixos."
Na semana passada, o BC anunciou a nona elevação seguida dos
juros. De setembro para cá, a Selic
subiu de 16% ao ano para 19,75%.
Cerca de 58% da dívida interna é
corrigida pela taxa de juros.
A proporção dívida/PIB estaria
pior se o dólar não tivesse caído
bastante nos últimos meses. Apesar de a parcela da dívida interna
atrelada à moeda americana ter
diminuído consideravelmente
nos últimos anos (representa hoje
cerca de 5% do total), a dívida externa ainda tem um peso significativo no endividamento público.
Texto Anterior: Mantega quer meta de IPCA menor Próximo Texto: Opinião Econômica - Benjamin Steinbruch: Arapuca eleitoral Índice
|