São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 2005

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Relação dívida/PIB deve piorar

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A alta contínua dos juros promovida pelo Banco Central trará efeito adicional negativo para a economia, além da diminuição do ritmo de crescimento do país. A razão entre a dívida pública e a economia deverá ter uma pequena deterioração na comparação com 2004, segundo cálculos de especialistas ouvidos pela Folha.
Também conhecida como relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto -soma das riquezas produzidas pelo país), é um dos principais indicadores da vulnerabilidade externa da economia. É levado em conta na análise de investidores estrangeiros e das agências de classificação de risco de crédito para medir a capacidade do país de honrar sua dívida.
Depois de a dívida ter chegado a representar 61,65% do PIB em setembro de 2002, o percentual caiu para 51,60% em dezembro de 2004. Os analistas estimam que a relação ficará ao redor de 52%.
Na avaliação de integrantes do governo, segundo a Folha apurou, isso significa estabilidade, o que deveria ser interpretado pelo mercado como algo positivo, depois da forte queda registrada entre 2003 e 2004.
O economista Fábio Akira, do banco JP Morgan, discorda. "O objetivo [para a razão dívida/PIB] é cair. Não olho tranqüilo, aliviado para a dinâmica da dívida."
No final do ano passado, Akira estimava que seria mantida em 2005 a tendência de queda da dívida em percentual do PIB, que fecharia o ano abaixo de 51%. "Mas trabalhávamos com taxa de crescimento maior da economia e com juros bem mais baixos."
Na semana passada, o BC anunciou a nona elevação seguida dos juros. De setembro para cá, a Selic subiu de 16% ao ano para 19,75%. Cerca de 58% da dívida interna é corrigida pela taxa de juros.
A proporção dívida/PIB estaria pior se o dólar não tivesse caído bastante nos últimos meses. Apesar de a parcela da dívida interna atrelada à moeda americana ter diminuído consideravelmente nos últimos anos (representa hoje cerca de 5% do total), a dívida externa ainda tem um peso significativo no endividamento público.


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