|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BNDES pode ter empresa tomadora como garantia para empréstimo
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo pretende aumentar
o poder de fogo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social). A idéia é
permitir que a instituição flexibilize garantias e financie grupos
privados em concessões e PPPs
(Parcerias Público-Privadas). A
informação é do presidente do
banco, Guido Mantega, que participou ontem de encontro com
empresários em São Paulo. Para
que isso saia do papel, explicou, é
preciso que a Lei de Concessões
seja modificada. Isso porque a legislação prevê que, ao conceder
um empréstimo, o BNDES exija
garantias firmes de quem está levando o dinheiro.
Com as mudanças, Mantega espera que seja possível repassar recursos públicos ao setor privado
tomando como garantia a própria
empresa financiada.
O BNDES também pretende
lançar mão de outro modelo de
capitalização, aquele em que o
banco entra como sócio da empresa que vai levar o dinheiro.
"Para que as empresas possam
competir aqui e lá fora, elas têm
de ganhar musculatura", disse.
Para conseguir o intento, porém, o governo vai precisar convencer o Congresso. A dificuldade
está no fato de que, ao aceitar uma
empresa da qual tornou-se sócio
como garantia, o banco estará calçando o recebimento do dinheiro
em um ativo que possui.
Questionado pela Folha, um ex-banqueiro que assistiu às declarações do presidente do BNDES
ponderou que jamais uma instituição privada faria uma coisa daquelas, porque ninguém que mexe com dinheiro gosta de se arriscar mais do que o recomendável.
Já o professor de economia da
PUC de São Paulo Antônio Corrêa de Lacerda ponderou que o
BNDES precisa assumir um papel
protetor, para o bem geral.
"Estamos numa sinuca, em que
o setor privado não correrá muitos riscos. Terá de usar o capital
doméstico, vindo das estatais",
disse. "O BNDES é muito rígido
com as garantias. Entre oito e oitenta, há espaço para trabalhar."
Mantega informou ainda que o
governo pretende estimular o
mercado de capitais, com o objetivo de incrementar a poupança
doméstica. O BNDES vai anunciar logo um fundo de ações de
grandes empresas para o pequeno e médio investidor.
"Eles poderão aplicar em uma
carteira de ações, as melhores do
mercado, e o BNDES vai garantir
a recompra [dos papéis] caso não
haja a valorização esperada", explicou. O valor máximo a ser garantido, adiantou Mantega, ficará
na faixa dos R$ 25 mil.
Mantega afirmou que o BNDES
analisará caso a caso empréstimos feitos via Banco Santos. "Sei
que era difícil pegar [o empréstimo] com outros bancos, agora
nós procuramos contornar da
maneira que for possível", disse.
Quanto à Varig, Mantega sustentou que não foi procurado pelo
grupo português TAP, interessado em acordo com a aérea brasileira.
(JANAÍNA LEITE)
Texto Anterior: Meta principal é escoamento de grãos Próximo Texto: Comércio exterior: Brasil mantém na OMC limites a serviços Índice
|