São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 2005

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BNDES pode ter empresa tomadora como garantia para empréstimo

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo pretende aumentar o poder de fogo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A idéia é permitir que a instituição flexibilize garantias e financie grupos privados em concessões e PPPs (Parcerias Público-Privadas). A informação é do presidente do banco, Guido Mantega, que participou ontem de encontro com empresários em São Paulo. Para que isso saia do papel, explicou, é preciso que a Lei de Concessões seja modificada. Isso porque a legislação prevê que, ao conceder um empréstimo, o BNDES exija garantias firmes de quem está levando o dinheiro.
Com as mudanças, Mantega espera que seja possível repassar recursos públicos ao setor privado tomando como garantia a própria empresa financiada.
O BNDES também pretende lançar mão de outro modelo de capitalização, aquele em que o banco entra como sócio da empresa que vai levar o dinheiro.
"Para que as empresas possam competir aqui e lá fora, elas têm de ganhar musculatura", disse.
Para conseguir o intento, porém, o governo vai precisar convencer o Congresso. A dificuldade está no fato de que, ao aceitar uma empresa da qual tornou-se sócio como garantia, o banco estará calçando o recebimento do dinheiro em um ativo que possui.
Questionado pela Folha, um ex-banqueiro que assistiu às declarações do presidente do BNDES ponderou que jamais uma instituição privada faria uma coisa daquelas, porque ninguém que mexe com dinheiro gosta de se arriscar mais do que o recomendável.
Já o professor de economia da PUC de São Paulo Antônio Corrêa de Lacerda ponderou que o BNDES precisa assumir um papel protetor, para o bem geral.
"Estamos numa sinuca, em que o setor privado não correrá muitos riscos. Terá de usar o capital doméstico, vindo das estatais", disse. "O BNDES é muito rígido com as garantias. Entre oito e oitenta, há espaço para trabalhar."
Mantega informou ainda que o governo pretende estimular o mercado de capitais, com o objetivo de incrementar a poupança doméstica. O BNDES vai anunciar logo um fundo de ações de grandes empresas para o pequeno e médio investidor.
"Eles poderão aplicar em uma carteira de ações, as melhores do mercado, e o BNDES vai garantir a recompra [dos papéis] caso não haja a valorização esperada", explicou. O valor máximo a ser garantido, adiantou Mantega, ficará na faixa dos R$ 25 mil.
Mantega afirmou que o BNDES analisará caso a caso empréstimos feitos via Banco Santos. "Sei que era difícil pegar [o empréstimo] com outros bancos, agora nós procuramos contornar da maneira que for possível", disse.
Quanto à Varig, Mantega sustentou que não foi procurado pelo grupo português TAP, interessado em acordo com a aérea brasileira. (JANAÍNA LEITE)


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