São Paulo, sábado, 24 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Reservas devem passar de US$ 200 bi neste mês

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As reservas em moeda estrangeira devem ultrapassar US$ 200 bilhões até o final do mês. Os dados mais recentes do Banco Central mostram saldo de US$ 198,986 bilhões no dia 21. Se comparados com os US$ 100 bilhões de fevereiro de 2007, esse novo saldo recorde significa que as reservas duplicaram de tamanho em pouco mais de um ano.
O aumento de lá para cá é reflexo do forte ingresso de capital estrangeiro no Brasil. Boa parte desses dólares tem sido comprada pelo Banco Central.
A política de compra de divisas do BC foi iniciada em janeiro de 2004, quando as reservas internacionais do país estavam perto de US$ 50 bilhões. De lá para cá, as aquisições feitas ultrapassaram os US$ 150 bilhões, possibilitando o crescimento das reservas.
Essas compras, por sua vez, foram possíveis por causa dos saldos positivos alcançados pelas contas externas do país. Fato inédito na economia brasileira, a conta de transações correntes -que considera a compra e a venda de bens e serviços com outros países- ficou positiva por cinco anos seguidos, de 2003 a 2007.
Em tese, um grande volume de reservas internacionais ajuda a proteger o país contra crises internacionais. O saldo acumulado é uma espécie de poupança do governo em moeda estrangeira e ajuda a indicar para o mercado financeiro que o país tem dinheiro suficiente para honrar sua dívida externa, diminuindo, portanto, as chances de um calote.
O aumento das reservas é citado como um dos motivos que levaram o Brasil a ser elevado à categoria de grau de investimento pela agência de classificação de risco Standard & Poor's. Segundo dados apurados no final de 2007, o valor das reservas superava inclusive o montante da dívida externa brasileira, outro fato inédito.
Os críticos a essa política do BC, porém, apontam o elevado custo de manutenção dessas reservas. Esse custo vem de duas fontes. Uma é a própria queda da cotação do dólar -a moeda tem batido recordes de desvalorização nas últimas semanas. Com a divisa valendo menos, o valor das reservas medido em reais também diminui, já que boa parte desses recursos está investida em títulos corrigidos pelo câmbio -logo, o BC tem perdas sempre que o dólar fica mais fraco.

Emissão de títulos
Além disso, existe o custo das compras de dólares feitas pelo BC. Para fazer essas aquisições, o governo precisa conseguir reais, e isso é feito pela emissão de títulos públicos, atrelados à taxa Selic. O país contrai dívidas corrigidas a juros mais elevados -hoje de 11,75% ao ano- e aplica em papéis emitidos por países desenvolvidos, principalmente os EUA, em que a taxa básica está em 2%.
Para defender sua política, o BC argumenta que os benefícios da acumulação de reservas compensam os custos impostos por ela. A concessão do grau de investimento ao Brasil seria, segundo esse argumento, um sinal de que os ganhos alcançados são suficientemente altos para justificar as despesas com a compra de dólares.


Texto Anterior: Mantega diz que projeto de fundo soberano está de pé
Próximo Texto: Acusados de "vender leis" são demitidos da Receita
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.