|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Reservas devem passar de US$ 200 bi neste mês
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As reservas em moeda estrangeira devem ultrapassar
US$ 200 bilhões até o final do
mês. Os dados mais recentes do
Banco Central mostram saldo
de US$ 198,986 bilhões no dia
21. Se comparados com os
US$ 100 bilhões de fevereiro de
2007, esse novo saldo recorde
significa que as reservas duplicaram de tamanho em pouco
mais de um ano.
O aumento de lá para cá é reflexo do forte ingresso de capital estrangeiro no Brasil. Boa
parte desses dólares tem sido
comprada pelo Banco Central.
A política de compra de divisas do BC foi iniciada em janeiro de 2004, quando as reservas
internacionais do país estavam
perto de US$ 50 bilhões. De lá
para cá, as aquisições feitas ultrapassaram os US$ 150 bilhões, possibilitando o crescimento das reservas.
Essas compras, por sua vez,
foram possíveis por causa dos
saldos positivos alcançados pelas contas externas do país. Fato inédito na economia brasileira, a conta de transações correntes -que considera a compra e a venda de bens e serviços
com outros países- ficou positiva por cinco anos seguidos, de
2003 a 2007.
Em tese, um grande volume
de reservas internacionais ajuda a proteger o país contra crises internacionais. O saldo acumulado é uma espécie de poupança do governo em moeda
estrangeira e ajuda a indicar
para o mercado financeiro que
o país tem dinheiro suficiente
para honrar sua dívida externa,
diminuindo, portanto, as chances de um calote.
O aumento das reservas é citado como um dos motivos que
levaram o Brasil a ser elevado à
categoria de grau de investimento pela agência de classificação de risco Standard &
Poor's. Segundo dados apurados no final de 2007, o valor das
reservas superava inclusive o
montante da dívida externa
brasileira, outro fato inédito.
Os críticos a essa política do
BC, porém, apontam o elevado
custo de manutenção dessas
reservas. Esse custo vem de
duas fontes. Uma é a própria
queda da cotação do dólar -a
moeda tem batido recordes de
desvalorização nas últimas semanas. Com a divisa valendo
menos, o valor das reservas medido em reais também diminui,
já que boa parte desses recursos está investida em títulos
corrigidos pelo câmbio -logo, o
BC tem perdas sempre que o
dólar fica mais fraco.
Emissão de títulos
Além disso, existe o custo das
compras de dólares feitas pelo
BC. Para fazer essas aquisições,
o governo precisa conseguir
reais, e isso é feito pela emissão
de títulos públicos, atrelados à
taxa Selic. O país contrai dívidas corrigidas a juros mais elevados -hoje de 11,75% ao ano-
e aplica em papéis emitidos por
países desenvolvidos, principalmente os EUA, em que a taxa básica está em 2%.
Para defender sua política, o
BC argumenta que os benefícios da acumulação de reservas
compensam os custos impostos por ela. A concessão do grau
de investimento ao Brasil seria,
segundo esse argumento, um
sinal de que os ganhos alcançados são suficientemente altos
para justificar as despesas com
a compra de dólares.
Texto Anterior: Mantega diz que projeto de fundo soberano está de pé Próximo Texto: Acusados de "vender leis" são demitidos da Receita Índice
|