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MERCADO EM TRANSE
Rentabilidade diária está positiva há uma semana, mas investidor continua a fugir da renda fixa e do DI
Fundos já não perdem, mas sangria continua
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os investidores continuam fugindo dos fundos DI e de renda fixa, apesar de a rentabilidade diária dessas aplicações estar positiva
há pelo menos uma semana. O total de saques nesses fundos já chega a R$ 14,3 bilhões.
Os dados são do site Fortuna e
consideram a movimentação desde o dia 29 de março, quando entrou em vigor a nova regra de
contabilização dessas aplicações,
até a última quarta-feira.
Segundo analistas ouvidos pela
Folha, os saques não estão sendo
provocados pelo receio da oscilação das cotas dos fundos. As perdas acumuladas registradas nas
cotas desde que mudaram as regras de contabilização das aplicações, no final de maio, estão encolhendo dia a dia. Na quarta-feira,
os DI estavam com rentabilidade
média de -0,18%, acumulada desde o dia 29 de maio. Já os renda fixa perdiam 0,87% no período. No
dia 31 de maio, quando as perdas
por causa da correção das cotas
dos fundos pelas novas normas
atingiram seu pico, os DI rendiam
-0,76%, e os renda fixa, -1,40%.
"A saída de recursos dos fundos
nos últimos dias não se deve à
marcação a mercado. Os investidores não estão mais preocupados com a rentabilidade negativa,
e sim com o risco de perder o
principal", observa o consultor
William Eid, da FGV.
O aumento do risco-país, a disparada do dólar e a incerteza gerada pelo calendário eleitoral, segundo ele, são o que tem provocado a fuga dos investidores nos últimos dias. "As pessoas estão descobrindo que deixar seu dinheiro
nas mãos do governo, neste momento, não é uma boa opção. O
risco de crédito do governo [de
não honrar a dívida" é hoje maior
do que o das empresas", diz ele.
Segundo dados do site Fortuna,
desde o dia 29 de maio os saques
nos fundos DI totalizam R$ 6,4 bilhões, o que corresponde a 6,19%
do patrimônio desses fundos. Nos
de renda fixa, saíram R$ 7,9 bilhões, ou 6,25% do patrimônio líquido. Parte desses recursos está
desaguando no mercado de CDBs
(Certificados de Depósito Bancário). Do dia 29 até a última quinta,
o volume de depósitos em CDBs
totalizava R$ 15,2 bilhões. Segundo Eid, parte do dinheiro em fuga
foi para a caderneta de poupança,
o dólar e imóveis.
O consultor Ricardo Humberto
Rocha, do Laboratório de Finanças da USP, alerta para os riscos
dessa corrida em busca de portos
mais seguros que os fundos. "Se
todos fugirem para os CDBs, a taxa de juros paga pelos bancos cairá", diz. Como as pessoas não entendem o que é um CDB, o risco,
nesse caso, é o de começarem a
buscar os bancos que pagam juros maiores, mas também oferecem mais risco de inadimplência
caso a crise financeira se acirre.
Para Rocha, como o governo
vem trocando as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) de prazos
mais longos por outras de vencimento neste ano, as cotas dos fundos voltaram para o azul. A médio
e longo prazo, quando o mercado
se tranquilizar, as perdas serão zeradas. As LFTs são o principal papel dos fundos DI e renda fixa.
Quando seu preço cai no mercado, o fundo se desvaloriza.
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