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FINANÇAS
Investidores venderam ativos maciçamente nos últimos dias para tentar estancar os prejuízos, segundo analistas
Mercado espera fim de liquidação de ações
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de mais uma semana de
forte nervosismo e de depressão
de todos os ativos, não apenas da
Bolsa, o mercado reabre ansioso
por saber quando os investidores
suspenderão as ordens maciças
de vendas de ações para preservar
o patrimônio.
O rebaixamento da perspectiva
de classificação de risco da dívida
do Brasil de estável para negativa
pela agência Moody's e do nível
BB- para B+ pela Fitch, na quinta-feira, agravou a tensão do mercado, que já estava em pânico.
Na sexta, foi a vez de o secretário
do Tesouro dos EUA, Paul O'Neill,
acelerar as perdas na Bolsa, com a
declaração de que se opõe a nova
ajuda do FMI (Fundo Monetário
Internacional) ao Brasil.
"O mercado internacional está
fechado para o Brasil, falta crédito", diz Pedro Thomazoni, diretor
do Lloyds TSB.
As grandes empresas não estariam conseguindo rolar suas dívidas no exterior e, para pagá-las,
estariam comprando dólares -o
que pressiona mais o câmbio.
"A alta do dólar alimenta a crise,
que está muito em cima de expectativas", diz Júlio Green, da corretora Geração Futuro.
Inseguros, investidores estão
disseminando ordens de liquidação total para estancar o prejuízo,
segundo gestores.
"Mas chega um ponto em que a
perda é tão grande que eles param
de vender", diz Thomazoni.
Analistas alinham entre os fatores que poderiam jogar água fria
no mercado a percepção generalizada de que houve exagero na disparada do dólar e do risco-país,
além do tombo sofrido pela Bolsa.
A arrancada de José Serra nas
pesquisas continua a ser lembrada por analistas "como calmante
essencial", embora o mercado tenha dado só um dia de trégua
após a divulgação da sondagem
que isolou o candidato governista
no segundo lugar.
Analistas e investidores estarão
ainda mais atentos às Bolsas norte-americanas nos próximos dias.
O desempenho negativo dos
mercados internacionais generaliza o pessimismo. Nos Estados
Unidos, a insegurança dos investidores aprofunda as perdas nas
Bolsas pela quinta semana consecutiva e derruba a cotação do dólar em relação a outras moedas.
Diante do iene (moeda japonesa), o dólar registra sua pior cotação nos últimos sete meses; sobre
o euro, a cotação é a mais baixa
desde janeiro de 2000.
Analistas temem uma espiral de
queda, com reflexos no mercado
brasileiro, em que a desvalorização do dólar derrube ainda mais o
preço das ações. Isso levaria investidores estrangeiros a vender
ativos americanos, aumentando a
pressão sobre aquela moeda.
O índice Dow Jones caiu 2,3%
na semana e a Nasdaq (Bolsa eletrônica das ações de alta tecnologia) despencou 4,2% no período.
Os dois barômetros do mercado
atingiram suas maiores baixas no
ano no fechamento de sexta-feira.
As Bolsas européias também registraram novas quedas na última
semana. O índice londrino FTSE-100 caiu 9,44% no mês.
O índice Merval de Buenos Aires chegou a registrar na quinta-feira passada alta de 19,8% na semana, mas acabou caindo 2,39%
no fechamento de sexta-feira.
Giro
O volume de negócios na Bovespa, que vinha sendo de aproximadamente R$ 500 milhões, subiu
para R$ 709 milhões na sexta-feira passada.
As razões para esse aumento do
giro dividem os analistas. "O crescimento no volume financeiro
pode significar que o fim da baixa
se aproxima. Por outro lado, é sinal de que também entrou compra", afirma Thomazoni.
Aos 10.397 pontos, a Bovespa
está, em dólar, em 3.660 pontos.
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