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Governo precisa flexibilizar objetivos, diz Ciesp
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo perdeu ontem a
oportunidade de iniciar um processo de flexibilização do sistema
de metas de inflação que permitiria ao país manter os preços sob
controle e crescer mais do que
tem crescido com o regime atual,
diz o Ciesp (Centro das Indústrias
do Estado de São Paulo).
Boris Tabacof, diretor do departamento de economia da entidade, diz que, com o atual sistema, o
"resultado é ruim para o desenvolvimento da indústria e do
país". Ele diz que a flexibilização
do sistema precisa ser discutida
com toda a sociedade. "A sociedade precisa participar da discussão
para que o sistema de meta de inflação seja aperfeiçoado."
Nesta semana, o Ciesp terminou artigo em que analisa o sistema adotado pelo Brasil e propõe
mudanças para aperfeiçoá-lo. A
entidade enfatiza que não propõe
o fim do sistema de metas de inflação. Pelo contrário, o próprio
artigo apresentado nesta semana
diz que "a história inflacionária
do país demanda mecanismos
que não percam de vista a evolução dos preços".
Fragilidades
Ainda assim, ele lembra algumas fragilidades da política monetária brasileira. Primeiro, o estudo aponta para a falta de eficácia dos apertos de juros diante de
choques adversos, como altas do
petróleo, por exemplo. Para combater a inflação gerada por esses
choques, o BC, lembra o Ciesp,
precisa estrangular o mercado interno para conter os preços.
Os juros altos também atraem
capital especulativo, contribuindo para a desvalorização do câmbio. A velocidade que o BC precisa ter para que a taxa de inflação
convirja para a meta também é
outro ponto crítico, aponta o estudo do Ciesp.
Tabacof diz que a atual política
econômica é uma espécie de "camisa de força ortodoxa", cuja
adoção faz com que o país abra
mão de crescer. Para mudar o caráter da política, diz ele, o estudo
faz sugestões:
1) Adotar, junto com a meta de
inflação, uma meta de produto ou
de emprego. Além de mirar a inflação, o BC deveria considerar
também um objetivo mínimo de
crescimento;
2) A fixação das metas poderia
ser feita para períodos mais longos, bienais ou trienais (como defendeu a Fazenda ontem). Neste
caso, diz o estudo, a política monetária poderia lidar melhor com
os choques, mirando a taxa de 12
meses, mas sabendo que pode fazê-la convergir para a meta em
períodos maiores;
3) A discussão sobre a necessidade de expurgar parte da inflação do IPCA, já que cerca de um
terço do índice é composto por
preços monitorados;
4) A mais polêmica sugestão é a
criação, pelo governo, de medidas
compensatórias para os setores
que não registram elevações de
preços e que sofrem com o aperto
monetário. Tabacof admite que a
proposta é polêmica e envolveria
um acompanhamento de que setores aumentam preços.
(MB)
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