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EM TRANSE
Moeda norte-americana cai 1,11% com empréstimo de US$ 200 milhões aos bancos para financiar exportações
Leilão do Banco Central segura alta do dólar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central fez ontem os primeiros leilões de dólares destinados a aumentar a oferta de linhas de crédito para exportadores. Como resultado da operação,
o dólar fechou em queda de 1,11%, negociado a R$ 3,11. Na semana, a
moeda norte-americana acumulou desvalorização de 0,5%.
O risco-país brasileiro, medido
pelo banco JP Morgan, caiu 3%,
para 1.845 pontos.
Em dois leilões, o BC emprestou
US$ 200 milhões aos bancos, que
deverão repassar os recursos às
empresas em até cinco dias.
De acordo com o BC, os bancos
estavam dispostos a comprar US$
498,35 milhões para financiar as
exportações. Para atender essa
demanda, novos leilões devem ser
realizados na próxima semana.
Sérgio Machado, diretor de tesouraria do banco Fator, diz que a
atitude do BC, que anunciou um
segundo leilão após a alta demanda do primeiro, foi recebida com
muito otimismo pelo mercado.
"Nesse clima melhor, alguns investidores optaram por se desfazer de posições que vinham mantendo há algum tempo, o que favoreceu a baixa do dólar."
O objetivo do BC é colocar, pelo
menos, US$ 2 bilhões no mercado
para financiar as exportações brasileiras. Esse dinheiro deve chegar
às empresas por meio dos 25 bancos que estão autorizados a fazer
operações de câmbio com o BC
-os chamados "dealers".
Nesses leilões, os bancos compram os dólares do BC e se comprometem a fazer o correspondente pagamento, em reais, no
prazo de 180 dias. No caso das
ofertas de ontem, os bancos devolverão ao BC o equivalente a
US$ 200 milhões pela taxa de
câmbio do dia 20 de fevereiro
-daqui a seis meses.
Além disso, os bancos terão de
pagar juros ao BC. No primeiro
leilão de US$ 100 milhões, a taxa
cobrada foi de 6,1% ao ano. Na segunda oferta, os juros foram de
4,81% ao ano. Os juros cobrados
nos empréstimos às empresas vão
variar de acordo com cada banco.
Depois de comprar os dólares,
os bancos terão até cinco dias para conceder empréstimos, em
reais, aos exportadores. Isso significa que, até a próxima quarta-feira, R$ 623,5 milhões devem ser destinados ao financiamento de operações de comércio exterior. Se essa exigência não for cumprida, os bancos serão obrigados a
devolver os dólares ao BC.
Menos investimentos
Com o aumento da desconfiança do mercado em relação à economia brasileira, muitos bancos têm reduzido seus investimentos no Brasil. Com isso, ficou mais difícil para as empresas conseguirem empréstimos externos.
Os dólares vendidos ontem saíram das reservas internacionais
do país. Com a venda de ontem,
subiu para cerca de US$ 1,4 bilhão
o total vendido pelo BC ao mercado neste mês. Além dos leilões de
linhas de crédito, o BC também
gasta dólares nas suas intervenções, que têm por objetivo conter
a desvalorização do real.
O novo acordo com o FMI limita a US$ 3 bilhões o total de dólares que o BC pode vender, em linhas de crédito ou em intervenções, a cada 30 dias corridos.
O mercado viveu os últimos
dias na expectativa por dois eventos que ocorrerão na semana que
vem -a primeira pesquisa eleitoral após o início da propaganda
política na TV e a viagem do ministro Pedro Malan (Fazenda) e
do presidente do BC, Armínio
Fraga, aos EUA para conversas
com bancos internacionais.
O mercado espera uma melhora
no desempenho do candidato José Serra (PSDB). Ele é o preferido
do mercado por ser apoiado pelo
atual governo e, portanto, associado à manutenção da atual política econômica.
Quanto à viagem de Armínio e
Malan, mais do que dinheiro, o
mercado espera um novo apoio.
"O mercado não acredita que as
linhas de crédito voltarão ao normal como consequência da viagem. Mas há a expectativa de que
a situação melhore um pouco, o
que ajuda a aliviar a pressão no
câmbio", afirma Clive Botelho, diretor financeiro do banco Santos.
Colaboraram Ana Paula Ragazzi e Fabricio Vieira, da Reportagem Local
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