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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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Mercado de leilões cresce 20% ao ano

DA REPORTAGEM LOCAL

Os carros que os bancos e financeiras recuperam de clientes inadimplentes alimentam um mercado que cresce 20% ao ano -o de leilões de veículos. "Fazemos leilões diários e vendemos em média 85% dos lotes oferecidos", diz Roberto Mauro, leiloeiro oficial da Sodré Santoro, maior empresa do setor.
Segundo ele, esse é o índice médio de vendas por leilão, em todo o mercado. Nesses leilões entram também veículos de seguradoras (recuperados de roubos ou batidos), de frotas de empresas e de locadoras. Mas os leiloeiros estimam que, em média, quase metade das vendas e dos seus estoques sejam carros resgatados de compradores inadimplentes.
É nos pátios dos leiloeiros que os bancos e financeiras estacionam quase todo o seu estoque de veículos recuperados.
"Como o leiloeiro tem fé pública e é o fiel depositário dos veículos apreendidos, os bancos preferem enviá-los diretamente para os pátios dessas empresas", diz José Romélio Ribeiro, diretor-executivo da Anef (entidade dos bancos de montadoras). "Com isso, as instituições financeiras também reduzem o custo de carregar o estoque." Em geral, o "aluguel" do pátio é pago com a comissão do leiloeiro na venda do veículo.
A Sodré Santoro, por exemplo, tem hoje cerca de 15 mil veículos em estoque, 40% deles procedente das financeiras e bancos. A Milan Leilões, uma das maiores de São Paulo, tem 6.000 carros em estoque em um pátio de 14 mil metros quadrados na rodovia Raposo Tavares. "Entre 70% e 75% do meu estoque é formado por carros de bancos e financeiras", diz Ronaldo Milan, leiloeiro oficial da empresa.
Segundo ele, nesses lotes há de tudo: carros velhos, seminovos, em bom e mal estado, e casos crônicos. "Os crônicos são os de consumidores que contestam a apreensão ou os termos do contrato de financiamento na Justiça", explica Milan.
Há 400 carros "crônicos" parados no pátio da empresa. Muitos desses veículos estão parados desde 1999, quando a desvalorização cambial deixou inadimplentes milhares de compradores no país. Esses consumidores haviam contratado financiamento com cláusula de variação cambial.

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