UOL


São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grande comprador tem preço menor

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, diz que as negociações com a Albrás e a Alumar estão sendo feitas em comum acordo com a Eletronorte, e que ambos os lados têm interesse em renovar os contratos.
Em entrevista à Folha, Pinguelli disse que a Eletronorte enfrenta uma inadimplência crônica das distribuidoras da energia da região Norte e a renovação dos contratos com a Albrás e a Alumar, sem subsídio de preço, é uma chance de capitalizar a estatal.
Segundo ele, as empresas terão algum desconto no preço da energia em relação ao valor que é cobrado das demais indústrias.""O grande comprador tem preço menor, mas não haverá subsídio."
Pinguelli Rosa não falou em cifras (o valor em negociação é da ordem de US$ 25 por MWh), mas disse que a orientação do governo federal é não inviabilizar o investimento empresarial para que as fábricas continuem no Brasil.
 

Folha - Os acionistas da Albrás e da Alumar desistiram de construir a hidrelétrica de Santa Isabel e querem assinar um novo contrato com o governo federal que lhes assegure energia por longo prazo.
Luiz Pinguelli Rosa -
Acho uma pena que não estejam sendo feitos os investimentos necessários para evitar o risco de um novo apagão, mas a desistência de construção da usina Santa Isabel é assunto do Ministério das Minas e Energia, não da Eletrobrás. Somos fornecedores de energia.

Folha - As indústrias de alumínio terão preço de energia diferenciado das outras indústrias?
Pinguelli Rosa -
Elas compram em blocos grandes, e, no comércio, o grande comprador tem preço menor. Mas não haverá subsídio. A orientação do governo é de que o preço a ser negociado não pode inviabilizar o investimento empresarial. O governo deseja a expansão industrial e a manutenção das indústrias de alumínio. Não cabe à Eletrobrás, que é uma empresa do governo, inviabilizar o setor.

Folha - Por que o governo não assina o contrato por prazo menor e induz as indústrias a produzirem sua própria energia?
Pinguelli Rosa -
Se o setor privado tem dinheiro para investir em energia, tudo bem, mas há um lado traiçoeiro neste raciocínio: algumas das licitações feitas pela Aneel no governo anterior têm o aproveitamento hidrelétrico mais barato do Brasil e não é justo que a energia mais barata vá para o setor industrial e que a mais cara fique com o resto da população.
É claro que o Estado não deve fazer toda a energia de que as empresas precisam, mas a Eletronorte tem problemas sérios de receita com as distribuidoras dos Estados mais pobres da região Norte, que são devedoras crônicas, ao passo que a Alumar e a Albrás pagam em dia. Uma fonte real de receita para a Eletronorte é a venda de energia para os eletrointensivos.

Folha - Soube que há interesse da Eletronorte em comprar a concessão da usina Santa Isabel. Isto faz parte das negociações com os grupos Alumar e Albrás?
Pinguelli Rosa -
A Eletrobrás assumiu uma posição mais proativa para aumentar sua presença no mercado de energia. Podemos entrar em empreendimentos elétricos, se houver retorno financeiro para a empresa. Não será mais como no passado, em que ela só entrava em negócios para ter prejuízo, a ponto de que podia ter sido chamada de Eletrobrás Prejuízos Sociedade Anônima. Isso acabou.

Texto Anterior: No elétrico: Governo negocia contratos de longo prazo
Próximo Texto: Trabalho: Investimento em serviço cria mais emprego
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.