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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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Política setorial tem de mirar exportação

DA REPORTAGEM LOCAL

O emprego não deve ser o único quesito considerado pelo governo para traçar uma política setorial. Além da criação de novas vagas, é preciso considerar o impacto que o estímulo a um setor terá nas exportações e na conquista de novas tecnologias. Essa é a opinião de economistas e empresários.
"A questão do emprego é chave dentro das discussões setoriais. Mas é preciso considerar o impacto que um incentivo a determinado setor tem na economia", afirma Sérgio Mendonça, diretor-técnico do Dieese. "Ao mesmo tempo é possível escolher a tecnologia mais empregadora."
Mendonça diz que o tempo continua feio no Brasil na questão do emprego. A tendência, segundo ele, é a de todos os setores, especialmente o industrial, continuarem com a política de poupar trabalho, como uma das estratégias para reduzir os custos.
David Kupfer, coordenador do Grupo de Indústria e Competitividade do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), concorda. "A indústria ainda está sob o desafio de aumentar a competitividade não só para exportar mais mas para sobreviver no mercado interno", afirma. Isso quer dizer que a indústria tem pouco potencial de absorção de emprego.
O setor de serviços será cada vez mais, na análise dos economistas, a salvação dos emprego no país. Nos últimos 17 anos, o número de ocupados nesse setor aumentou em 1,69 milhão na Grande São Paulo, segundo o Dieese. No mesmo período, a indústria cortou 309 mil postos de trabalho.
O aumento nas vagas, segundo Mendonça, foi puxado pelos serviços auxiliares (como os de limpeza e segurança) e especializados (como os das consultorias). O emprego nesses setores cresceu 320% e 138%, respectivamente, de 1988 a abril deste ano, segundo levantamento do Dieese.
Apesar de o setor de serviços aparecer como um dos que têm maior potencial de gerar emprego, diz Mendonça, não é possível esperar que o governo só invista nesse setor. "As indústrias mais dinâmicas são as que menos criam empregos, mas elas têm também um papel estratégico na economia. O desafio é fazer uma política industrial que considere todas essas questões."
Para Fábio Silveira, economista da MB Associados, uma boa política industrial precisa ser articulada com um conjunto de setores. Não pode considerar apenas um setor. (FF)

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