São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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"Gargalo" de fornecedores ameaça avanço

DA SUCURSAL DO RIO

A expansão das atividades de exploração e produção de petróleo no Brasil está ameaçada por um "gargalo" que atinge o setor em escala global: o do fornecimento de grandes equipamentos e instalações, como sondas, plataformas e barcos de apoio.
Hoje, sondas de perfuração levam até três anos para serem entregues no mercado internacional. Isso quando as encomendas são aceitas pelas indústrias sobrecarregadas. No caso das plataformas de petróleo, a espera pode chegar a cinco anos.
"A alta da cotação do petróleo provocou uma corrida por equipamentos. Além disso, o preço do aço subiu muito, elevando os custos para quem produz. Também há escassez de mão-de-obra especializada, o que representa dificuldade adicional", diz Eloy Fernandez, diretor da Onip (Organização Nacional da Indústria do Petróleo).
O "gargalo" de fornecedores é uma das maiores preocupações do corpo técnico e gerencial da Petrobras para a exploração do pré-sal. Os diretores da estatal têm repetido que o maior problema não será financeiro, mas sim "de capacidade física, em nível nacional e internacional".
Recentemente, o diretor internacional, Jorge Zelada, anunciou que uma das sondas encomendadas antes das descobertas do pré-sal, que ficará pronta no início do ano que vem e seria instalada no golfo do México, será desviada para a bacia de Santos.
Outra solução estudada é produzir equipamentos em série. Exemplo: para as primeiras plataformas do pré-sal, a idéia é encomendar de cinco a dez cascos de uma vez só. Assim, o fornecedor utilizará uma mesma "linha de produção"- poupando tempo e reduzindo custos.
"O problema é muito sério e precisa ser dimensionado de forma adequada. Faltam equipamentos de perfuração de forma geral. Isso faz com que, no caso das sondas, os pedidos de agora só comecem a ser entregues em 2011", afirma Felipe Rizzo, presidente da filial brasileira da Doris, empresa francesa de engenharia.
(ROBERTO MACHADO)


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