|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Política fiscal americana é defendida
DO ENVIADO ESPECIAL A DUBAI
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, rebateu
ontem as críticas sobre a condução da política fiscal norte-americana, sobretudo as que partiram
de ministros de países europeus.
Disse que, se, por um lado, o
corte de impostos promovido pela administração do presidente
George W. Bush aumentou o déficit das contas públicas, por outro,
tem contribuído para o crescimento dos Estados Unidos, que
atualmente é o principal responsável pela recuperação da economia mundial.
Snow se comprometeu ainda a
reduzir o déficit fiscal americano,
ao longo dos próximos cinco
anos, para cerca de metade do
atual. O buraco nas contas públicas dos Estados Unidos está por
volta de US$ 480 bilhões, o que representa aproximadamente 5%
do PIB (Produto Interno Bruto,
total de riquezas produzidas) norte-americano.
"Eu asseguro a vocês [...] que
nós estamos comprometidos a
cortar o déficit pela metade ao
longo dos próximos cinco anos,
para algo abaixo de 2% do PIB, o
que certamente é gerenciável",
afirmou o secretário do Tesouro
norte-americano a ministros de
Fazenda e representantes dos países no FMI (Fundo Monetário Internacional), em uma das reuniões do encontro anual conjunto
que a instituição tem com o Banco Mundial.
Dependência
Snow disse que não é "saudável"
para o mundo que outros países
dependam dos "consumidores
americanos" para sustentar o
crescimento de suas economias.
Segundo ele, é preciso que as outras nações também incentivem a
expansão de seus respectivos
mercados.
"As exportações podem ter um
papel importante, mas não se pode ter uma economia mundial
bem-sucedida se todo o mundo se
sustenta no setor exportador. Assim, você cria desequilíbrios",
afirmou o secretário americano.
Dois dias antes, Snow já havia
cobrado maior flexibilidade nas
políticas econômicas dos demais
países industrializados, numa referência indireta aos países-membros da zona do euro e ao Japão. O
governo dos Estados Unidos tem
defendido que sejam feitas reformas nas leis trabalhistas e no sistema previdenciário desses países, por exemplo, de modo a tornar suas economias mais competitivas, o que teoricamente contribuiria para maior crescimento.
O Fundo projeta que a economia dos Estados Unidos irá crescer 2,6% neste ano e 3,6% em
2004, enquanto a dos países da zona do euro cresceria 0,5% e 1,9%,
respectivamente. Já para o Japão,
o FMI projeta um crescimento de
2% neste ano e de 1,4% em 2004.
Flexibilidade
Segundo o secretário americano, os Estados Unidos são o único
país desenvolvido que está realmente adotando medidas econômicas mais flexíveis, como o corte
de impostos, para estimular o
crescimento econômico.
Disse também que os Estados
Unidos têm registrado enormes
déficits na balança comercial nos
últimos meses "em parte porque
países como Japão e China miram
no crescente mercado de consumo americano para [vender] seus
produtos".
Snow defendeu nos últimos
dias, durante os eventos do encontro do FMI, que a China adote
um sistema de câmbio flutuante,
permitindo que os preços de seus
produtos possam responder às
forças de mercado.
O governo americano vem pressionando os governos chinês e japonês para que deixem suas moedas flutuar livremente. Afirma
que, ao manter uma moeda artificialmente subvalorizada, os produtos chineses e japoneses chegam aos EUA muito baratos, o
que prejudicaria a indústria local.
O G7 também defendeu que a
China deixe o yuan (a moeda local) flutuar mais livremente.
Resposta chinesa
O ministro das Finanças da China, Jin Renqing, reconheceu a
preocupação com o yuan desvalorizado, mas afirmou que o regime de câmbio rígido só será mudado na hora em que o governo
julgar apropriado.
"O governo chinês sempre
manteve uma postura séria e responsável sobre esse tema", disse.
Segundo informações de mercado, o banco central chinês tem
comprado cerca de US$ 10 bilhões
por mês para manter o yuan a
uma cotação virtualmente fixa de
8,28 por dólar. As reservas chinesas estão hoje em US$ 356 bilhões,
as maiores em moeda forte do
mundo.
(LS)
Texto Anterior: Comércio mundial: EUA buscam sintonia com Brasil, diz Snow Próximo Texto: FMI diz que deve "ouvir e aprender" Índice
|