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Mercado paralelo é estimado em US$ 63 bi por ano no país
DA REPORTAGEM LOCAL
Curitiba é o epicentro da
maior investigação sobre doleiros já realizada no Brasil. A
apuração é conduzida pela Força Tarefa CC5, um grupo de policiais federais e procuradores
que se vale de um contêiner de
documentos enviados por promotores dos Estados Unidos
para tentar jogar luz num negócio que se caracteriza pelo sigilo entre as partes e pela ausência de documentos.
Curitiba abriga a central de
investigações por causa das remessas ilegais para os EUA feitas pela agência do Banestado
(Banco do Estado do Paraná)
de Foz do Iguaçu entre 1996 e
2002. A CPI do Banestado estimou que o banco tenha remetido cerca de R$ 150 bilhões nesse período. A agência usava
contas CC5 (que deveria ser
restrita a estrangeiros) para fazer as remessas para os EUA
-daí o nome da força-tarefa.
Os réus em processos que tiveram origem na força-tarefa
remeteram US$ 20 bilhões de
1996 a 2003.
Estima-se que o mercado paralelo de dólar movimente US$
63 bilhões por ano no país. A
Polícia Federal tem especial interesse nesse setor por ele girar
dinheiro sem origem declarada, seja ele gerado por corrupção, tráfico de drogas ou caixa
dois de empresas.
O IBPT (Instituto Brasileiro
de Planejamento Tributário)
aponta que as empresas são
atualmente os principais clientes dos doleiros. O comércio exterior explicaria por que empresas tornaram-se clientes
preferenciais dos doleiros, segundo o IBPT. Para exportar ou
importar produtos e pagar menos impostos, parte dos pagamentos é feita no exterior.
Quem cuida de fazer essas remessas sem pagar impostos são
os doleiros.
Foi em Curitiba que foi criada a segunda vara da Justiça
Federal especializada em crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro -a
primeira é a de Porto Alegre.
O acúmulo de informações
sobre esse mercado levou uma
série de doleiros a participar do
programa de delação premiada
da Força Tarefa CC5.
O objetivo dos policiais e procuradores ao negociar a redução de pena em troca de informações é levar à prisão pessoas
famosas, sejam elas empresários, artistas ou políticos.
Eles acreditam que a punição
de famosos teria uma função
"didática": serviria para desestimular o recurso ao mercado
paralelo.
(MCC)
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