São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2008

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Em meio a incertezas, Bovespa recua mais 3,8%

Bolsas voltam a ter perdas à espera de aprovação de pacote de socorro nos EUA

Dólar sobe 2,2% e vai a R$ 1,831, pressionado por procura de importadores; petróleo recua 2,52% e afeta ações da Petrobras

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se a semana passada terminou com euforia na Bovespa, esta tem tido um começo desanimador. Pelo segundo pregão, a Bolsa não encontrou forças para subir, diante de um cenário externo ainda marcado pelas incertezas em relação aos desdobramentos da crise financeira global. A Bolsa de Valores de São Paulo terminou ontem em queda de 3,78%. Anteontem, já havia caído 2,86%.
O mesmo se viu no mercado de câmbio doméstico -o dólar se apreciou em 2,18%, para encerrar vendido a R$ 1,831.
O dia também foi de perdas no exterior. Em Wall Street, o índice Dow Jones caiu 1,47%; a Bolsa eletrônica Nasdaq perdeu 1,18%. Na Europa, houve queda de 1,98% na Bolsa de Paris, de 1,91% em Londres e de 0,64% em Frankfurt.
Os investidores estiveram ontem atentos aos depoimentos de Ben Bernanke (presidente do banco central dos EUA) e de Henry Paulson (secretário do Tesouro) no Congresso norte-americano, em que pediram que os parlamentares aprovem rapidamente o pacote bilionário de socorro financeiro preparado pelo governo Bush.
"Quando o pacote for aprovado, espera-se que o mercado responda positivamente. Todavia, o cenário vai seguir negativo, com as Bolsas refletindo o temor de desaceleração econômica mundial e de queda das commodities", diz Rodrigo Bresser-Pereira, sócio-diretor da Bresser Asset Management. "Devemos ter nos próximos meses alguns pregões de maior euforia, com fortes altas pontuais, mas, de modo geral, o pessimismo permanece."
O grande vilão de ontem na Bolsa paulista foi o setor de siderurgia e mineração. Em um cenário de enfraquecimento das commodities metálicas, fortes quedas afetaram os papéis de companhias brasileiras.
Entre as maiores quedas do pregão, apareceram Vale ON, que recuou 7,32%, Gerdau ON, com baixa de 7,04%, e Siderúrgica Nacional ON (-6,94%).
No caso da Vale, há também as difíceis negociações com a China, país com quem a companhia tenta acertar um novo aumento de preços.
Já o recuo do petróleo, que terminou em baixa de 2,52% em Nova York, cotado a US$ 106,61, prejudicou o desempenho dos papéis da Petrobras. As ações da estatal marcavam no fim do pregão perdas de 4,72% (PN) e 4,63% (ON).
Para a Bovespa, a queda de ações de companhias ligadas ao desempenho das commodities sempre é muito negativa. Isso acontece porque cerca de 43% do índice Ibovespa (a principal referência do mercado doméstico) é formado por papéis dependentes de commodities.
O índice Ibovespa encerrou ontem aos 49.593 pontos, o que representa depreciação de 10,93% acumulada no mês. As perdas registradas em 2008 alcançam os 22,37%.

Incertezas
O dólar rompeu sua rápida trégua e chegou a ser negociado ontem a R$ 1,853, em alta de 3,4%. Mesmo assim, o Banco Central não voltou a leiloar dólares, como fez na sexta-feira. Após a moeda superar R$ 1,96 na quinta, o BC decidiu passar a fazer, quando achasse necessário, leilão para ofertar dólares.
No mês, a moeda norte-americana tem forte apreciação de 12% diante do real.
Operadores de corretoras afirmaram que importadoras, com dificuldades de conseguirem linhas de financiamento, recorreram ao mercado de câmbio, o que aumentou a pressão sobre a moeda ontem.
O cenário adverso se refletiu também no mercado de juros futuros, no qual as taxas subiram. Na BM&F, a taxa do contrato DI (Depósito Interfinanceiro) que vence no fim do ano foi de 14,04% para 14,09%.


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