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Em meio a incertezas, Bovespa recua mais 3,8%
Bolsas voltam a ter perdas à espera de aprovação de pacote de socorro nos EUA
Dólar sobe 2,2% e vai a
R$ 1,831, pressionado por
procura de importadores;
petróleo recua 2,52% e
afeta ações da Petrobras
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a semana passada terminou com euforia na Bovespa,
esta tem tido um começo desanimador. Pelo segundo pregão,
a Bolsa não encontrou forças
para subir, diante de um cenário externo ainda marcado pelas incertezas em relação aos
desdobramentos da crise financeira global. A Bolsa de Valores de São Paulo terminou
ontem em queda de 3,78%. Anteontem, já havia caído 2,86%.
O mesmo se viu no mercado
de câmbio doméstico -o dólar
se apreciou em 2,18%, para encerrar vendido a R$ 1,831.
O dia também foi de perdas
no exterior. Em Wall Street, o
índice Dow Jones caiu 1,47%; a
Bolsa eletrônica Nasdaq perdeu 1,18%. Na Europa, houve
queda de 1,98% na Bolsa de Paris, de 1,91% em Londres e de
0,64% em Frankfurt.
Os investidores estiveram
ontem atentos aos depoimentos de Ben Bernanke (presidente do banco central dos EUA) e
de Henry Paulson (secretário
do Tesouro) no Congresso norte-americano, em que pediram
que os parlamentares aprovem
rapidamente o pacote bilionário de socorro financeiro preparado pelo governo Bush.
"Quando o pacote for aprovado, espera-se que o mercado
responda positivamente. Todavia, o cenário vai seguir negativo, com as Bolsas refletindo o
temor de desaceleração econômica mundial e de queda das
commodities", diz Rodrigo
Bresser-Pereira, sócio-diretor
da Bresser Asset Management.
"Devemos ter nos próximos
meses alguns pregões de maior
euforia, com fortes altas pontuais, mas, de modo geral, o
pessimismo permanece."
O grande vilão de ontem na
Bolsa paulista foi o setor de siderurgia e mineração. Em um
cenário de enfraquecimento
das commodities metálicas,
fortes quedas afetaram os papéis de companhias brasileiras.
Entre as maiores quedas do
pregão, apareceram Vale ON,
que recuou 7,32%, Gerdau ON,
com baixa de 7,04%, e Siderúrgica Nacional ON (-6,94%).
No caso da Vale, há também
as difíceis negociações com a
China, país com quem a companhia tenta acertar um novo
aumento de preços.
Já o recuo do petróleo, que
terminou em baixa de 2,52%
em Nova York, cotado a US$
106,61, prejudicou o desempenho dos papéis da Petrobras. As
ações da estatal marcavam no
fim do pregão perdas de 4,72%
(PN) e 4,63% (ON).
Para a Bovespa, a queda de
ações de companhias ligadas ao
desempenho das commodities
sempre é muito negativa. Isso
acontece porque cerca de 43%
do índice Ibovespa (a principal
referência do mercado doméstico) é formado por papéis dependentes de commodities.
O índice Ibovespa encerrou
ontem aos 49.593 pontos, o que
representa depreciação de
10,93% acumulada no mês. As
perdas registradas em 2008 alcançam os 22,37%.
Incertezas
O dólar rompeu sua rápida
trégua e chegou a ser negociado
ontem a R$ 1,853, em alta de
3,4%. Mesmo assim, o Banco
Central não voltou a leiloar dólares, como fez na sexta-feira.
Após a moeda superar R$ 1,96
na quinta, o BC decidiu passar a
fazer, quando achasse necessário, leilão para ofertar dólares.
No mês, a moeda norte-americana tem forte apreciação de
12% diante do real.
Operadores de corretoras
afirmaram que importadoras,
com dificuldades de conseguirem linhas de financiamento,
recorreram ao mercado de
câmbio, o que aumentou a
pressão sobre a moeda ontem.
O cenário adverso se refletiu
também no mercado de juros
futuros, no qual as taxas subiram. Na BM&F, a taxa do contrato DI (Depósito Interfinanceiro) que vence no fim do ano
foi de 14,04% para 14,09%.
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