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Bush deixa crise econômica para final de discurso
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Enquanto a crise deu o
tom da maioria dos discursos
na abertura da 63ª Assembléia Geral da ONU, o presidente dos EUA, George W.
Bush, deixou a economia em
último plano, defendendo as
ações de seu governo contra
o colapso dos mercados.
Quase ao final do discurso
focado no tema do terrorismo, Bush disse que "foram
tomadas medidas robustas".
"Promovemos a estabilidade dos mercados ao impedir o fracasso desorganizado
de grandes empresas. O Fed
injetou a liquidez de que o
sistema precisava com urgência. E eu anunciei uma
ação decisiva do governo federal para abordar a raiz da
instabilidade em nossos
mercados financeiros, [que
vai] adquirir títulos sem liquidez que estão desestruturando balanços financeiros e
restringindo o crédito."
O presidente se disse confiante de que seu plano de
resgatar estimados US$ 700
bilhões de papéis podres de
Wall Street será aprovado
em tempo hábil. Ao terminar, recebeu apenas dez segundos de aplausos débeis.
Pouco antes, em comentários após um encontro com o
presidente do Paquistão, Asif
Ali Zardari, Bush reconheceu que vem sendo questionado por outros governantes
sobre a eficácia das ações do
governo contra a crise. Ele
deixou em aberto a possibilidade de aceitar emendas no
plano de resgate generalizado, já que vêm sendo propostas pela oposição democrata.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, falou logo
após Bush. Pediu ação conjunta dos governos: "Precisamos agir juntos para contornar a mais séria crise econômica desde os anos 1930".
Mais que bom senso
Sarkozy disse ser hora de o
mundo adotar um "capitalismo regulamentado, em que a
atividade financeira não é
deixada por conta apenas do
bom senso" das entidades do
setor. "Juntos podemos fazer isso. A Europa não quer
dar lições, mas exemplos."
A presidente da Argentina,
Cristina Kirchner, adotou
retórica ainda mais dura.
"Hoje, não se trata mais do
efeito caipirinha, tequila ou
arroz, dos países emergentes
para o centro, mas do efeito
que se poderia chamar jazz,
produzido no centro da primeira economia e que se expande a todo o mundo."
Cristina criticou a "economia de cassino ou de ficção"
dos EUA e a "mudança de
opinião" do governo republicano do país -com histórico
antiintervenção. "A intervenção estatal mais formidável de que se tem memória se
produz a partir de um lugar
em que nos haviam dito que
o Estado não era necessário,
no marco de um fenomenal
déficit fiscal e comercial."
Os EUA, mesmo sem os
US$ 700 bilhões no resgate
de Wall Street, já previa déficit orçamentário recorde no
próximo ano fiscal, de mais
de US$ 480 bilhões.
Após ouvir ataques de
Bush, o presidente do Irã,
Mahmoud Ahmadinejad, devolveu na mesma moeda e
disse que "o império americano está chegando ao fim de
seu caminho, e seus próximos governantes devem limitar sua interferência a
suas fronteiras".
Colaborou ADRIANA KÜCHLER,
de Buenos Aires
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