São Paulo, sábado, 24 de outubro de 2009

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Reino Unido continua em recessão

Economia britânica registra seis trimestres consecutivos de contração, o mais longo período desde 1955

PIB caiu 0,4% no terceiro trimestre ante o segundo e 5,2% ante o mesmo período de 2008; zona do euro tem tido desempenho melhor

MATTHEW SALTMARSH
DO "NEW YORK TIMES", EM PARIS

A economia britânica ainda estava afundada em recessão no terceiro trimestre, de acordo com dados divulgados ontem. Isso significa forte contraste com a situação na zona do euro, na qual a atividade apresentava melhora continuada, segundo relatórios.
Um motivo significativo para esses desempenhos divergentes entre as economias parece ser o maior endividamento dos consumidores britânicos, disseram analistas.
Um relatório preliminar do Serviço Nacional de Estatísticas, em Londres, mostrava contração de 0,4% no PIB britânico entre julho e setembro ante o trimestre anterior, e retração de 5,2% ante o mesmo período do ano passado.
A economia britânica agora registra seis trimestres consecutivos de contração, o que faz da atual crise a mais longa desde que a organização começou a compilar essa série estatística, em 1955.
Os economistas haviam previsto crescimento de 0,2% no trimestre, com base em recentes melhoras nas estatísticas da habitação, nos índices de confiança entre os executivos e na queda da libra esterlina, que deveria tornar as exportações britânicas mais competitivas.
Mas o relatório mostrou fraqueza no setor de serviços, cuja produção caiu 0,2%; na indústria, com queda de 0,7%; e na construção, com queda de 1,1%.
O Reino Unido está começando a ficar ainda mais para trás da zona do euro, formada por 16 países, na qual França e Alemanha lideram uma firme melhora na indústria, nos serviços e no consumo.
Jean Michel Six, economista-chefe da agência de classificação Standard & Poor's para a Europa, citou o endividamento dos consumidores como o principal fator adverso para a recuperação no Reino Unido.
"Os consumidores britânicos estão saindo de um período de endividamento muito significativo, e o processo de correção é longo e doloroso."

Zona do euro
Enquanto isso, a confiança dos empresários alemães subiu em outubro ao seu mais alto nível em 13 meses, de acordo com o instituto de pesquisa econômica Ifo, de Munique. O índice de expectativa empresarial do instituto, baseado em pesquisa com 7.000 executivos, subiu para 91,9 pontos, ante 91,3 em setembro.
"O terceiro trimestre foi bom para a economia da Alemanha", disse Carsten Brzeski, analista do ING. "É provável que tenha sido um trimestre excelente."
Ele disse que as empresas alemãs estavam se beneficiando da recuperação nas atividades mundiais, da reposição de estoques e do consumo privado ampliado pelas medidas de estímulo e de corte de impostos.
Outro relatório, da Markit, empresa que compila estatísticas de mercado, apontava que um índice composto dos setores de serviços e manufatura na zona do euro havia subido para 53 pontos em outubro, ante 51,1 em setembro. Foi o melhor resultado desse indicador em 22 meses, segundo a Markit.
Chris Williamson, economista-chefe da organização, disse que os dados indicavam que "a economia da zona do euro entrou no quarto trimestre em um momento forte" e eram compatíveis com a elevação do PIB da ordem de 0,4% no trimestre iniciado neste mês.
Na França, o serviço nacional de estatísticas Insee anunciou que o consumo havia crescido 2,3% em setembro em relação a agosto, bem acima da expectativa de avanço de 0,5%.
Outro relatório divulgado pela agência estatística Eurostat, da União Europeia, aponta alta de 2% nas encomendas industriais na zona do euro em agosto em relação a julho, mas queda de 23,1% ante os pedidos de agosto de 2008.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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