|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Reino Unido continua em recessão
Economia britânica registra seis trimestres consecutivos de contração, o mais longo período desde 1955
PIB caiu 0,4% no terceiro trimestre ante o segundo e 5,2% ante o mesmo período de 2008; zona do euro tem tido desempenho melhor
MATTHEW SALTMARSH
DO "NEW YORK TIMES", EM PARIS
A economia britânica ainda
estava afundada em recessão
no terceiro trimestre, de acordo com dados divulgados ontem. Isso significa forte contraste com a situação na zona
do euro, na qual a atividade
apresentava melhora continuada, segundo relatórios.
Um motivo significativo para
esses desempenhos divergentes entre as economias parece
ser o maior endividamento dos
consumidores britânicos, disseram analistas.
Um relatório preliminar do
Serviço Nacional de Estatísticas, em Londres, mostrava contração de 0,4% no PIB britânico entre julho e setembro ante
o trimestre anterior, e retração
de 5,2% ante o mesmo período
do ano passado.
A economia britânica agora
registra seis trimestres consecutivos de contração, o que faz
da atual crise a mais longa desde que a organização começou
a compilar essa série estatística, em 1955.
Os economistas haviam previsto crescimento de 0,2% no
trimestre, com base em recentes melhoras nas estatísticas da
habitação, nos índices de confiança entre os executivos e na
queda da libra esterlina, que
deveria tornar as exportações
britânicas mais competitivas.
Mas o relatório mostrou fraqueza no setor de serviços, cuja
produção caiu 0,2%; na indústria, com queda de 0,7%; e na
construção, com queda de 1,1%.
O Reino Unido está começando a ficar ainda mais para
trás da zona do euro, formada
por 16 países, na qual França e
Alemanha lideram uma firme
melhora na indústria, nos serviços e no consumo.
Jean Michel Six, economista-chefe da agência de classificação Standard & Poor's para a
Europa, citou o endividamento
dos consumidores como o principal fator adverso para a recuperação no Reino Unido.
"Os consumidores britânicos
estão saindo de um período de
endividamento muito significativo, e o processo de correção
é longo e doloroso."
Zona do euro
Enquanto isso, a confiança
dos empresários alemães subiu
em outubro ao seu mais alto nível em 13 meses, de acordo com
o instituto de pesquisa econômica Ifo, de Munique.
O índice de expectativa empresarial do instituto, baseado
em pesquisa com 7.000 executivos, subiu para 91,9 pontos,
ante 91,3 em setembro.
"O terceiro trimestre foi bom
para a economia da Alemanha",
disse Carsten Brzeski, analista
do ING. "É provável que tenha
sido um trimestre excelente."
Ele disse que as empresas
alemãs estavam se beneficiando da recuperação nas atividades mundiais, da reposição de
estoques e do consumo privado
ampliado pelas medidas de estímulo e de corte de impostos.
Outro relatório, da Markit,
empresa que compila estatísticas de mercado, apontava que
um índice composto dos setores de serviços e manufatura na
zona do euro havia subido para
53 pontos em outubro, ante 51,1
em setembro. Foi o melhor resultado desse indicador em 22
meses, segundo a Markit.
Chris Williamson, economista-chefe da organização, disse
que os dados indicavam que "a
economia da zona do euro entrou no quarto trimestre em
um momento forte" e eram
compatíveis com a elevação do
PIB da ordem de 0,4% no trimestre iniciado neste mês.
Na França, o serviço nacional
de estatísticas Insee anunciou
que o consumo havia crescido
2,3% em setembro em relação a
agosto, bem acima da expectativa de avanço de 0,5%.
Outro relatório divulgado pela agência estatística Eurostat,
da União Europeia, aponta alta
de 2% nas encomendas industriais na zona do euro em agosto em relação a julho, mas queda de 23,1% ante os pedidos de
agosto de 2008.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Texto Anterior: Apesar de semelhanças, crise de 29 foi mais intensa que a atual Próximo Texto: Redução de salários causa indignação em Wall Street Índice
|