São Paulo, quinta-feira, 24 de novembro de 2005

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ALÍVIO

Cenário interno menos nervoso após depoimento de Palocci e ata do Fed animam mercado, e risco-país de emergentes recua

Apesar de crise, Bolsa atinge novo recorde

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma semana que prometia ser negativa, especialmente devido a rumores de que o ministro Antonio Palocci (Fazenda) estava para deixar o governo, a Bovespa surpreendeu e alcançou novo recorde histórico.
Ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo registrou alta de 1,44% e fechou nos 31.942 pontos, patamar nunca antes atingido.
Além de as especulações sobre mudanças no Ministério da Fazenda terem perdido força, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) deu sinais, em documento divulgado na tarde de terça-feira, de que o processo de elevação dos juros norte-americanos pode estar perto de seu fim.
"O cenário político interno se acalmou um pouco, e a ata do Fed trouxe alívio e ajudou os mercados internacionais", afirma Emanuel Pereira da Silva, sócio-diretor da Gap Asset Management.
Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,41%. A Nasdaq, Bolsa eletrônica em que se negociam ações de empresas de alta tecnologia, teve valorização de 0,28%.
Ike Rahmani, diretor da Tática Asset Management, disse que ontem "houve importante participação de investidores estrangeiros comprando ações de grandes empresas", como Petrobras, Vale do Rio Doce e Bradesco -movimento que ajudou a empurrar a Bolsa para a pontuação inédita. No ano, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, está com alta de 21,94%.
Os estrangeiros respondem por cerca de 33% dos negócios feitos na Bolsa em 2005. Por isso, quando esse segmento está comprando papéis, aumentam as chances de a Bovespa subir.
A possibilidade de o Fed parar de elevar os juros nos EUA é benéfica aos emergentes, como o Brasil. Isso acontece porque os grandes investidores internacionais acabam por vender títulos do Tesouro norte-americano e migram para ativos -como ações e títulos da dívida- de emergentes, com remuneração maior.
Esse movimento fez com que ontem o risco-país da maioria dos emergentes recuasse.
No pregão de ontem, a ação ON (ordinária) da TIM Participações liderou as valorizações, ao fechar com alta de 10,89%. Os bancos também se destacaram: a ação Unibanco Unit subiu 4,15%, e a ação preferencial do Bradesco teve ganho de 3,03%.
Com o mercado acionário doméstico em novo patamar recorde, fica a pergunta: é hora de o pequeno investidor comprar ações?
José Alberto Tovar, sócio da ARX Capital Management, afirma que "o pequeno investidor deveria estar olhando para a Bolsa há algum tempo". Para Tovar, os fundos de ações ativos, que escolhem seletivamente os papéis das empresas que comporão as carteiras, são uma boa opção de investimento neste momento.
Nos últimos meses, empresas brasileiras receberam elevação na nota de risco atribuída pelas principais agências de classificação do mundo. Decisões desse tipo mostram que as expectativas de desempenho futuro de companhias brasileiras é favorável.
Sem focos de pressão, o dólar encerrou ontem com baixa de 0,22%, a R$ 2,242. A atuação do BC no mercado de câmbio ontem se resumiu à compra de dólares diretamente dos bancos. Neste mês, até o dia 18, o BC comprou US$ 2,9 bilhões do mercado por meio desses leilões.


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