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Setor produtivo acha que corte deveria ser maior
DA REPORTAGEM LOCAL
O corte de 0,5 ponto percentual
anunciado ontem pelo Banco
Central decepcionou o setor produtivo e parece não ter sido suficiente para melhorar o ânimo dos
empresários.
O discurso de representantes do
varejo e da indústria é consensual:
o BC deveria ter ousado mais.
Para Paulo Skaf, presidente da
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo), existe
um "imenso fosso entre o pensamento do Banco Central e a filosofia dos setores produtivos".
O diretor do departamento de
economia do Ciesp (Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo), Boris Tabacof, concorda. "As
decisões do Copom, sempre tomadas em terreno seguro, guardam pouca ou quase nenhuma
relação com o lado real da economia", argumentou.
A principal queixa dos industriais é que o aperto da política
monetária já causa desaceleração
no desempenho da indústria. Dados recentes do setor mostram
queda do nível de atividade industrial. A última pesquisa do
Ciesp sobre emprego em outubro
aponta que a criação do postos de
trabalho na indústria de São Paulo foi negativa. Diante disso, a expectativa do setor era de uma redução da taxa Selic de até 1 ponto
percentual.
O varejo também ressentiu-se
da decisão do BC. Para Guilherme
Afif Domingues, presidente da
Associação Comercial de São
Paulo, os indicadores de inflação
mais próximos da meta de 5,1% já
deveriam ter sido levados em consideração para fazer um corte
maior. Segundo ele, o BC perdeu
"mais uma oportunidade para
acelerar a queda dos juros, o que
poderá comprometer o desempenho da economia no início do
próximo ano".
Os sindicalistas também não
poupam críticas. A CUT, em nota,
"insiste que juros altíssimos atrapalham a geração de empregos".
Antônio Carlos dos Reis, presidente da CGT, disse que "os juros
altos dificultam investimentos em
energia elétrica, ampliando risco
de apagão". Já para Paulo Pereira
da Silva, da Força Sindical, o "Copom tem ministrado o remédio
para a economia brasileira gota
por gota, quando é preciso de doses bem maiores".
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