São Paulo, quinta-feira, 24 de novembro de 2005

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Setor produtivo acha que corte deveria ser maior

DA REPORTAGEM LOCAL

O corte de 0,5 ponto percentual anunciado ontem pelo Banco Central decepcionou o setor produtivo e parece não ter sido suficiente para melhorar o ânimo dos empresários.
O discurso de representantes do varejo e da indústria é consensual: o BC deveria ter ousado mais.
Para Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), existe um "imenso fosso entre o pensamento do Banco Central e a filosofia dos setores produtivos".
O diretor do departamento de economia do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Boris Tabacof, concorda. "As decisões do Copom, sempre tomadas em terreno seguro, guardam pouca ou quase nenhuma relação com o lado real da economia", argumentou.
A principal queixa dos industriais é que o aperto da política monetária já causa desaceleração no desempenho da indústria. Dados recentes do setor mostram queda do nível de atividade industrial. A última pesquisa do Ciesp sobre emprego em outubro aponta que a criação do postos de trabalho na indústria de São Paulo foi negativa. Diante disso, a expectativa do setor era de uma redução da taxa Selic de até 1 ponto percentual.
O varejo também ressentiu-se da decisão do BC. Para Guilherme Afif Domingues, presidente da Associação Comercial de São Paulo, os indicadores de inflação mais próximos da meta de 5,1% já deveriam ter sido levados em consideração para fazer um corte maior. Segundo ele, o BC perdeu "mais uma oportunidade para acelerar a queda dos juros, o que poderá comprometer o desempenho da economia no início do próximo ano".
Os sindicalistas também não poupam críticas. A CUT, em nota, "insiste que juros altíssimos atrapalham a geração de empregos". Antônio Carlos dos Reis, presidente da CGT, disse que "os juros altos dificultam investimentos em energia elétrica, ampliando risco de apagão". Já para Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, o "Copom tem ministrado o remédio para a economia brasileira gota por gota, quando é preciso de doses bem maiores".


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