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Banco médio mostra mais apetite por empréstimo
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
Se os bancos grandes ainda
não souberam explorar todo o
potencial do crédito, as instituições de médio porte mostram cada vez mais apetite por
financiamento em nichos especializados do mercado. Segundo estudo da Austin Rating, enquanto os seis maiores bancos
-BB, Bradesco, Itaú, ABN Real,
Unibanco e Santander- tiveram crescimento de 28,3% em
suas carteiras de crédito nos
primeiros nove meses de 2007,
as carteiras dos dez maiores
bancos médios -BIC Banco,
Panamericano, ABC Brasil,
Daycoval, Pine, Cruzeiro do
Sul, Sofisa, Indusval, Paraná e
Bonsucesso- saltou 82,8%.
Para Renato Oliva, vice-presidente da ABBC (Associação
Brasileira de Bancos Comerciais), que representa os bancos
médios, o sucesso se deve ao foco no cliente, especialmente o
não-bancarizado. "Como não
temos a mesma quantidade de
agências dos bancos grandes,
temos de estar mais próximos
do cliente e do que ele precisa.
Estamos nas redes de varejo, no
correspondente bancário e vamos até a casa da pessoa. Como
não temos condição de prestar
serviço, focamos no crédito.
Temos uma população pobre,
com baixo índice de bancarização, que ascende a novos patamares de consumo e que descobriu o crédito", disse.
O levantamento mostra que
o lucro líquido dos bancos médios subiu 82,8% nos primeiros
nove meses de 2007 na comparação com o mesmo período de
2006. Já os bancos grandes tiveram alta de 53,9% no lucro.
Os bancos médios aumentaram seu caixa com operações
de abertura de capital na Bolsa,
elevando o patrimônio líquido
em 169,7% em 2007.
Para Rafael Guedes, diretor-executivo da agência Fitch, um
ponto que merece atenção é
que os bancos pequenos e médios abriram capital e estão
com caixa cheio para novos empréstimos. "Alguns multiplicaram a base de capital em mais
de três vezes e agora precisam
alavancar as carteiras de crédito. Isso preocupa e representa
um risco. Eles vão continuar fazendo mais ou menos o que faziam, mas em um patamar muito maior. Os bancos vão precisar ir atrás do novo cliente, que
não tem histórico", disse.
"A bonança vivida pelos bancos médios levanta uma questão: qual será o futuro deles? É
muito provável que o vigor pode aguçar o apetite dos bancos
grandes, aumentando a concentração", afirma a Austin.
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