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São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 2003

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Morte pode levar à venda da divisão de autos

DA REDAÇÃO

A morte de Giovanni Agnelli deve abrir caminho para a venda da unidade de automóveis do grupo Fiat, afirmam analistas. O patriarca era um dos poucos membros da família contrário à venda ou divisão da Fiat Auto, medida apontada como necessária para evitar a quebra do grupo. O seu irmão Umberto Agnelli, que o substituirá à frente da empresa familiar que controla a Fiat, a Giovanni Agnelli & C., já afirmou ser favorável ao negócio.
Após o anúncio da morte de Agnelli, as ações da empresa, que em dezembro de 2002 haviam alcançado o menor valor em quase 20 anos, chegaram a subir até 6% na Bolsa de Milão. No entanto, encerraram o dia em queda de 0,8%.
Giovanni sempre deixou claro que não abriria mão do compromisso da família de produzir carros. "A empresa [de carros" é uma herança que deve ser protegida", afirmou em diversas ocasiões.
Mas é justamente a divisão de automóveis, que nos anos 90 chegou a ser responsável por quase 40% do faturamento do grupo, que hoje acumula sucessivas perdas que ameaçam outras atividades da Fiat. Em 2002, o braço teve prejuízo de 1,4 bilhão, ante perdas de 549 milhões em 2001.
Uma das alternativas mais cotadas pelos analistas é a venda da unidade para a gigante norte-americana General Motors Corp. Em março de 2000, a Fiat Auto e a GM selaram uma parceria, segundo a qual a primeira adquiriu 20% da divisão italiana. A Fiat acertou na época a opção de venda dos 80% restantes a partir de 2004.
Mas outros interesses estão em jogo. O megaempresário Roberto Colaninno, ex-presidente da Telecom Italia, prometeu levantar dinheiro suficiente para salvar a Fiat caso fosse nomeado presidente do grupo. Mas, segundo analistas, a família Agnelli considera a proposta apenas em último caso, uma vez que deseja no máximo ceder a presidência da divisão de automóveis do grupo.
O governo italiano, do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, também já manifestou desejo de interferir na questão para tentar salvar a holding. Porém, desde que ela renuncie à opção de venda dos 80% do controle acionário para a GM, uma vez que o governo faz questão de evitar que o maior conglomerado do país fique em mãos de estrangeiros.
Por fim, outro lado no desfecho do grupo Fiat é o dos credores. No fim de setembro passado, a dívida chegava a 32,8 bilhões.

Outro caminho
Ontem, depois da divulgação da morte de Agnelli, a Giovanni Agnelli & C. informou que deverá pedir um aumento de capital de 250 milhões para o grupo. A decisão foi interpretada por especialistas como um sinal de que a empresa pretende participar de maneira ativa de eventuais emissões de ações. Segundo fontes ligadas ao grupo italiano, a intenção da Fiat seria de levantar entre 3 bilhões e 5 bilhões com a medida.


Com "Financial Times" e agências internacionais


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