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ESPAÇO DE MANOBRA
Para banqueiro, é hora de negociar
Centralização é medida extrema, afirma
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
Para o vice-presidente da Associação Brasileira dos Bancos
Comerciais e Múltiplos, Carlos
Fagundes, a centralização cambial não é a melhor alternativa
para o momento. "O efeito prático seria criar um nervosismo
maior em um quadro que já
não é tranquilo", diz Fagundes,
vice-presidente do Crefisul.
Para Fagundes, o governo
ainda tem "espaço de manobra". As reservas internacionais, o caixa em moeda forte do
país, estão em torno US$ 30 bilhões e os US$ 31 bilhões da ajuda do Fundo Monetário Internacional e dos países ricos estão para ser sacados, diz ele.
"O momento é de negociar
com a comunidade financeira
internacional e não de adotar
medidas extremas, pouco
usuais." A centralização do
câmbio, diz ele, poderia provocar uma demora ainda maior
no restabelecimento da "normalidade" nas relações com os
investidores externos.
A Malásia, afirma, "estava
quebrada" quando adotou a
centralização do câmbio, o que,
segundo ele, não é o caso do
Brasil. Para Fagundes, o governo brasileiro não deveria "mexer demais" em "algo tão sensível" quanto a política cambial.
"A livre flutuação do câmbio
acabou de ser adotada. Ainda
estamos aprendendo a trabalhar no novo sistema. É uma situação nova, mas aponta para a
direção de maior liberdade.
Uma nova mudança nas regras
do jogo traria mais riscos do
que benefícios."
Carlos Fagundes acredita que
a queda nos juros só viria com
um aprofundamento do ajuste
fiscal e enxugamento do Estado. "Se você centraliza o câmbio, afasta o investidor externo
e acaba com a continuidade no
processo de privatização."
Segundo Fagundes, o governo está guardando na "manga
da camisa" a privatização da
Petrobrás, do Banco do Brasil e
da Caixa Econômica Federal.
Mas a centralização do câmbio
afastaria os compradores.
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