São Paulo, segunda, 25 de janeiro de 1999

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ESPAÇO DE MANOBRA
Para banqueiro, é hora de negociar

Centralização é medida extrema, afirma CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local

Para o vice-presidente da Associação Brasileira dos Bancos Comerciais e Múltiplos, Carlos Fagundes, a centralização cambial não é a melhor alternativa para o momento. "O efeito prático seria criar um nervosismo maior em um quadro que já não é tranquilo", diz Fagundes, vice-presidente do Crefisul.
Para Fagundes, o governo ainda tem "espaço de manobra". As reservas internacionais, o caixa em moeda forte do país, estão em torno US$ 30 bilhões e os US$ 31 bilhões da ajuda do Fundo Monetário Internacional e dos países ricos estão para ser sacados, diz ele.
"O momento é de negociar com a comunidade financeira internacional e não de adotar medidas extremas, pouco usuais." A centralização do câmbio, diz ele, poderia provocar uma demora ainda maior no restabelecimento da "normalidade" nas relações com os investidores externos.
A Malásia, afirma, "estava quebrada" quando adotou a centralização do câmbio, o que, segundo ele, não é o caso do Brasil. Para Fagundes, o governo brasileiro não deveria "mexer demais" em "algo tão sensível" quanto a política cambial. "A livre flutuação do câmbio acabou de ser adotada. Ainda estamos aprendendo a trabalhar no novo sistema. É uma situação nova, mas aponta para a direção de maior liberdade. Uma nova mudança nas regras do jogo traria mais riscos do que benefícios."
Carlos Fagundes acredita que a queda nos juros só viria com um aprofundamento do ajuste fiscal e enxugamento do Estado. "Se você centraliza o câmbio, afasta o investidor externo e acaba com a continuidade no processo de privatização."
Segundo Fagundes, o governo está guardando na "manga da camisa" a privatização da Petrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Mas a centralização do câmbio afastaria os compradores.



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