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ÁSIA Juros caíram e exportações cresceram após implementação de controle; para analistas, resultado é o mesmo em outros países afetados pela crise
Malásia se recupera com restrição de capitais
MARCIO AITH
de Tóquio
Quase cinco meses depois de a
Malásia isolar-se do mercado financeiro mundial ao implementar
controles rígidos sobre o fluxo de
capitais, sinais de recuperação de
sua economia surpreendem e viram polêmica.
Desde setembro, quando os controles foram anunciados, as taxas
de juro caíram de 11% para 5,9%,
as exportações cresceram 2% em
dólar e as reservas pularam de US$
20 bilhões para US$ 23 bilhões.
Para o primeiro-ministro Mahathir Mohamad, esses resultados seriam a prova empírica de que, ao
contrário do que apregoam os defensores do livre trânsito de capital, fechar as fronteiras financeiras
é um bom negócio para países em
desenvolvimento retomarem o
crescimento após crises cambiais.
Há um grupo cada vez mais numeroso de economistas e investidores asiáticos que tendem a concordar com Mahathir.
Eles elogiam, principalmente, a
rapidez com a qual os juros caíram
na Malásia após a instauração dos
controles. Lembram ainda que as
previsões dos pessimistas, segundo as quais os controles criariam
um enorme mercado paralelo de
dólar, não se realizaram. Ao contrário, as receitas com exportações
têm dado uma folga ao governo.
No entanto, a maioria dos especialistas sustenta que as outras
economias afetadas pela crise também melhoraram no período,
mesmo sem controles cambiais.
Coréia do Sul e Tailândia conseguiram reduzir os juros antes da
Malásia (embora num ritmo mais
lento) e voltaram a receber investimentos externos, em valores mensais de US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão. A Malásia brecou a fuga de
recursos externos, mas não atraiu
novos investimentos.
Ou seja: segundo eles, a Malásia
não melhorou porque fechou as
portas por onde os capitais fugiam,
mas sim porque as exportações
asiáticas começaram a crescer de
um modo geral e a conjuntura internacional favoreceu os países
asiáticos nos últimos seis meses,
apesar das crises russa e brasileira.
Essa conjuntura favorável foi estimulada, entre outros fatores, pelas sucessivas reduções dos juros
norte-americanos.
Os controles implementados por
Mahathir consistiram, basicamente, na centralização da compra de
dólar nas mãos do banco central e
na criação de um câmbio fixo.
Além disso, a Malásia obrigou os
investidores em Bolsa a manter
suas ações por um ano.
Tim Condon, analista do Morgan
Stanley em Hong Kong, disse à Folha que ainda é cedo para que se faça um balanço dos controles cambiais da Malásia. No entanto, afirmou ser evidente que os controles
permitiram a redução dos juros
sem que o ringgit (a moeda da Malásia) se desvalorizasse.
Condon disse que, ao contrário
da Tailândia e da Coréia do Sul, a
Malásia não avançou nas reformas
de seu sistema financeiro e que,
portanto, não conseguiria atrair a
confiança dos investidores.
"Quando o país não consegue
convencer o investidor de que o
ambiente é favorável, a tentação de
implementar controles é grande. É
um caminho mais curto em direção aos juros baixos, embora os
riscos sejam enormes."
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