São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007

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Verba pública movimenta o Nordeste

Maioria dos beneficiários do Bolsa Família e dos aposentados rurais está na região

Sem emprego, beneficiários de programas sociais e aposentados são uma das principais fontes de renda nos municípios menores

DO ENVIADO ESPECIAL A BREJÕES E MILAGRES

O temor de perder benefícios sociais e a chance de se aposentar mais cedo estão piorando as condições de quem quer trabalhar no interior do Nordeste, principalmente na zona rural, e minando ainda mais a economia das pequenas cidades dependentes da agricultura.
Cerca da metade dos beneficiários do Bolsa Família do Brasil está concentrada no Nordeste, assim como a maioria dos brasileiros que têm renda até dois salários mínimos e dos aposentados rurais.
Isso faz com que o dinheiro público seja um dos principais motores da economia nordestina, onde o comércio cresce hoje em ritmo mais veloz que no resto do país.
Na cidade de Milagres, a 240 km ao sul de Salvador, o setor público e a BR-116, que tangencia o município, são as principais fontes de renda.
O maior empresário local, Raimundo Souza Silva, 52, é um exemplo da simbiose entre o público e o privado na região.
Silva é dono de cinco paradas para ônibus na região, de um posto de gasolina e de um hotel muito bem montado e limpo na beira da BR-116. Mas ele também já foi prefeito de Milagres duas vezes (pelo PFL) e hoje tem seu sobrinho, João Silva, como titular na prefeitura, segundo conta o filho de Raimundo, Conrado da Silva Neto, 27.
Tirando os funcionários públicos e os negócios de Raimundo Silva, sobram apenas bibocas na beira da estrada que vendem serviços para os viajantes.
Em Brejões, a 40 km ao sul de Milagres, a Folha contou nove adultos dentro de uma casa visitada pela reportagem em plena tarde de uma quarta-feira.
A maioria dos presentes ou estava desempregada ou vive de benefícios sociais. "Não há nada para fazer por aqui. A gente fica olhando um para a cara do outro", afirma Genivaldo Monteiro, 21, desempregado.
Do lado de fora, aposentados que passam o dia embaixo das árvores de uma pequena avenida conversando ou jogando são uma das principais fontes de renda do comércio. (FCZ)


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