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Verba pública movimenta o Nordeste
Maioria dos beneficiários do Bolsa Família e dos aposentados rurais está na região
Sem emprego, beneficiários
de programas sociais e
aposentados são uma das
principais fontes de renda
nos municípios menores
DO ENVIADO ESPECIAL A BREJÕES E MILAGRES
O temor de perder benefícios
sociais e a chance de se aposentar mais cedo estão piorando as
condições de quem quer trabalhar no interior do Nordeste,
principalmente na zona rural, e
minando ainda mais a economia das pequenas cidades dependentes da agricultura.
Cerca da metade dos beneficiários do Bolsa Família do Brasil está concentrada no Nordeste, assim como a maioria dos
brasileiros que têm renda até
dois salários mínimos e dos
aposentados rurais.
Isso faz com que o dinheiro
público seja um dos principais
motores da economia nordestina, onde o comércio cresce hoje
em ritmo mais veloz que no
resto do país.
Na cidade de Milagres, a 240
km ao sul de Salvador, o setor
público e a BR-116, que tangencia o município, são as principais fontes de renda.
O maior empresário local,
Raimundo Souza Silva, 52, é
um exemplo da simbiose entre
o público e o privado na região.
Silva é dono de cinco paradas
para ônibus na região, de um
posto de gasolina e de um hotel
muito bem montado e limpo na
beira da BR-116. Mas ele também já foi prefeito de Milagres
duas vezes (pelo PFL) e hoje
tem seu sobrinho, João Silva,
como titular na prefeitura, segundo conta o filho de Raimundo, Conrado da Silva Neto, 27.
Tirando os funcionários públicos e os negócios de Raimundo Silva, sobram apenas bibocas na beira da estrada que vendem serviços para os viajantes.
Em Brejões, a 40 km ao sul de
Milagres, a Folha contou nove
adultos dentro de uma casa visitada pela reportagem em plena tarde de uma quarta-feira.
A maioria dos presentes ou
estava desempregada ou vive
de benefícios sociais. "Não há
nada para fazer por aqui. A gente fica olhando um para a cara
do outro", afirma Genivaldo
Monteiro, 21, desempregado.
Do lado de fora, aposentados
que passam o dia embaixo das
árvores de uma pequena avenida conversando ou jogando são
uma das principais fontes de
renda do comércio.
(FCZ)
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