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Setor de máquinas investe para conter China
Investimentos chegaram a R$ 6,89 bi em 2006, o maior número desde 1995
Um terço do valor foi para modernização tecnológica, segundo a Abimaq; objetivo é enfrentar a concorrência estrangeira, como a asiática
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria brasileira de máquinas e equipamentos investiu R$ 6,89 bilhões em 2006, o
maior valor já registrado pelo
setor desde 1995. Boa parte dos
recursos foi utilizada em modernização tecnológica na tentativa de enfrentar a concorrência com os fabricantes estrangeiros, como os chineses.
Levantamento feito pela Abimaq, associação que reúne os
fabricantes de máquinas e
equipamentos, mostra que os
investimentos realizados pelo
setor no ano passado são 11,4%
maiores do que os de 2005, que
somaram R$ 6,18 bilhões.
Dos recursos investidos,
33,5% foram utilizados em modernização tecnológica; 29,8%,
na ampliação da capacidade
produtiva; 25,5%, na reposição
de máquinas antigas, e 11,2%,
na aquisição de equipamentos
de informática, imóveis etc.
Para realizar esse levantamento, a Abimaq consultou
243 empresas de todos os portes (micro, pequena, média e
grande) e fez uma projeção para o setor, formado por cerca de
4.000 companhias no Brasil. As
respostas foram múltiplas.
"O setor está fazendo um
grande esforço para enfrentar a
concorrência com os estrangeiros com investimentos para diminuir custos e aumentar a
produtividade", diz Newton
Mello, presidente da Abimaq.
Na sua avaliação, os investimentos realizados no ano passado são também reflexo das
vendas do setor em 2005, de
R$ 55,86 bilhões, 18,3% maiores do que as de 2004. "Com esse resultado, os empresários se
animaram e optaram por modernizar e até elevar a produção em 2006", afirma.
Além de investir para concorrer com fabricantes estrangeiros no mercado interno, segundo informa Mello, as fábricas gastaram com a compra de
novos equipamentos para garantir as vendas no mercado
externo. No ano passado, o setor exportou US$ 9,65 bilhões,
12,4% mais do que em 2005.
A Abimaq também constatou
que, pela primeira vez no setor,
as pequenas empresas investiram mais do que as médias. No
ano passado, os investimentos
das pequenas indústrias totalizaram R$ 1,19 bilhão, e os das
médias, R$ 1,11 bilhão.
As indústrias que mais investiram em 2006, segundo informa Mello, foram as que produzem equipamentos para os setores de petróleo, mineração,
papel e celulose, metalúrgico e
de açúcar e álcool. As que menos investiram foram as que
atendem aos setores agrícola,
gráfico, têxtil e plástico.
Competitividade
A Schuler, fabricante de
prensas para a indústria automobilística e de equipamentos
para energia eólica, investiu
R$ 11 milhões no ano passado,
principalmente em modernização. Pretende gastar mais
R$ 8 milhões neste ano na aquisição de equipamentos para se
tornar ainda mais competitiva,
segundo informa Paulo Tonicelli, presidente da empresa.
As vendas para o mercado externo chegaram a corresponder
a 80% do faturamento anual da
Schuler, de cerca de R$ 287 milhões. Hoje, representam 55%.
"Perdemos competitividade.
Além disso, as montadoras norte-americanas reduziram os investimentos. Nosso desafio
neste ano será tentar manter as
exportações e as vendas no
mercado interno." A Schuler
prepara a entrada em outros tipos de máquina para atender a
outros setores industriais.
Fabricante de equipamentos
para o setor de açúcar e álcool,
entre outros, a Dedini investiu
R$ 30 milhões em modernização em 2006 e deve gastar mais
R$ 35 milhões em equipamentos mais modernos e aumento
de produção neste ano.
Sérgio Leme dos Santos, vice-presidente-executivo da Dedini, diz que a venda de equipamentos para a indústria de açúcar e álcool tem crescido nos últimos três anos e que esse setor
não sofre tanta concorrência
com fábricas de fora.
A empresa concorre mais
com a China na linha de equipamentos pesados, para siderurgia e empresas de mineração. Com a Alemanha, na linha
de máquinas de inox para as
cervejarias, por exemplo.
A Dedini começa o ano com
uma carteira de encomendas
da ordem de R$ 1 bilhão. "Este
ano está melhor do que 2006,
principalmente por causa dos
investimentos do setor de açúcar e álcool", afirma Leme dos
Santos.
Cenário melhor
A Cross Hueller, fabricante
de linhas de usinagem para a
indústria automobilística, informa que as perspectivas de
vendas para este ano são melhores do que as do ano passado, principalmente devido aos
investimentos programados
pelo setor automobilístico.
"Queremos esquecer o ano
de 2006. Diria que o setor de
máquinas em geral passa por
um processo de desindustrialização por conta da importação
de equipamentos da China.
Com essa taxa de câmbio [favorável à importação], perdemos
vendas nos mercados externo e
interno", afirma Roberto Michael Schaefer, diretor-presidente da empresa.
As encomendas das montadoras previstas para este ano
voltam a dar ânimo para a empresa. "Nossa previsão é elevar
as vendas em 10% neste ano e
investir para elevar a capacidade produtiva."
Para o setor como um todo,
Mello, da Abimaq, não faz projeções otimistas. Ele estima,
para este ano, uma queda de
20% nos investimentos e de 2%
a 3% no faturamento na comparação com 2006.
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