São Paulo, quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Recuperação pode começar em 2010, afirma Bernanke

Confiança do consumidor e preço de imóveis caem mais; perdas do varejo crescem

Bolsa de Nova York tem alta de 3,31% após Bernanke afirmar que o governo norte-americano não pretende estatizar bancos

DA REDAÇÃO

O presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Ben Bernanke, disse que a recuperação nos EUA pode começar no ano que vem caso as ações tomadas pelo governo para estabilizar o sistema financeiro surtam efeito.
"Se as ações tomadas pelo governo, pelo Congresso e pelo Federal Reserve forem bem-sucedidas em restaurar alguma medida de estabilidade financeira -e apenas se esse for o caso, no meu ponto de vista-, existe uma perspectiva razoável de a atual recessão se encerrar em 2009 e de 2010 ser o ano da recuperação", afirmou em depoimento no Senado.
Por enquanto, diz Bernanke, a economia americana está enfrentando uma "contração severa", que aparentemente persiste neste primeiro trimestre. Os EUA entraram oficialmente em recessão em dezembro de 2007, no que caminha para ser o ciclo de contração mais longo desde a Grande Depressão. No último trimestre de 2008, a economia do país encolheu 3,8% na taxa anualizada, a maior queda em 26 anos.
Para que o cenário negativo não se confirme, ele diz ser necessário que as ações de estímulo fiscal tomadas pelo governo (como o pacote de US$ 787 bilhões) e os cortes de juros do Fed - de 5,25%, em setembro de 2007, para a banda atual de 0% a 0,25%- sejam eficazes na melhora do setor financeiro.
E, quando a economia voltar a crescer, a recuperação plena do período de recessão deve durar mais do que dois ou três anos, segundo Bernanke. Mas, diz ele, o "cenário para a atividade econômica é alvo de incerteza considerável, e eu acredito que, de maneira geral, os riscos negativos provavelmente superam os positivos".
Sobre os bancos, ele afirmou que a estatização de grandes instituições não é necessária para garantir sua viabilidade. "Não vejo nenhum motivo para destruir o valor da franquia ou para criar enormes incertezas legais na tentativa de formalmente estatizar um banco quando isso não é necessário."
As declarações de Bernanke sobre os bancos ajudaram, em um dia repleto de notícias econômicas negativas, a Bolsa de Nova York a encerrar a sequência de pregões em queda que a levou para o menor nível desde 1997, na crise asiática. O índice Dow Jones terminou o dia com valorização de 3,32%, aos 7.350,94 pontos, ainda o menor patamar em seis anos.
A evolução dos mercados financeiros contrastou com uma série de indicadores e balanços de empresas negativos. A confiança do consumidor americano, que já estava em seu menor nível histórico, recuou ainda mais neste mês, de 37,4 pontos, em janeiro, para 25 -há um ano, marcava 76 pontos.
O índice do instituto Conference Board mostra ainda que os consumidores não esperam uma recuperação da economia nos próximos seis meses.
Os gastos dos consumidores são o principal motor da economia dos EUA, e os balanços de grandes redes varejistas mostram como elas sofrem com a situação: a Home Depot perdeu US$ 54 milhões em três meses, a Macy's teve queda de 58,7% no lucro, e a Target, de 41%.
Já os preços das casas recuaram mais 18,2% no quarto trimestre de 2008 ante igual período de 2007, a maior queda do índice S&P/Case-Shiller.
A estabilização do setor imobiliário americano é vista como imprescindível para a estabilização macroeconômica, já que foram os problemas nos papéis atrelados a ele que iniciaram a crise financeira global


Com o "New York Times" e agências internacionais

LEIA MAIS em Mundo


Texto Anterior: Paulo Rabello de Castro: Cinzas de Carnaval
Próximo Texto: Avança negociação entre Citi e EUA, diz "FT'
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.