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Recuperação pode começar em 2010, afirma Bernanke
Confiança do consumidor e preço de imóveis caem mais; perdas do varejo crescem
Bolsa de Nova York tem alta de 3,31% após Bernanke afirmar que o governo norte-americano não pretende estatizar bancos
DA REDAÇÃO
O presidente do Fed (Federal
Reserve, o banco central americano), Ben Bernanke, disse que
a recuperação nos EUA pode
começar no ano que vem caso
as ações tomadas pelo governo
para estabilizar o sistema financeiro surtam efeito.
"Se as ações tomadas pelo governo, pelo Congresso e pelo
Federal Reserve forem bem-sucedidas em restaurar alguma
medida de estabilidade financeira -e apenas se esse for o caso, no meu ponto de vista-,
existe uma perspectiva razoável de a atual recessão se encerrar em 2009 e de 2010 ser o ano
da recuperação", afirmou em
depoimento no Senado.
Por enquanto, diz Bernanke,
a economia americana está enfrentando uma "contração severa", que aparentemente persiste neste primeiro trimestre.
Os EUA entraram oficialmente
em recessão em dezembro de
2007, no que caminha para ser
o ciclo de contração mais longo
desde a Grande Depressão. No
último trimestre de 2008, a
economia do país encolheu
3,8% na taxa anualizada, a
maior queda em 26 anos.
Para que o cenário negativo
não se confirme, ele diz ser necessário que as ações de estímulo fiscal tomadas pelo governo (como o pacote de US$
787 bilhões) e os cortes de juros
do Fed - de 5,25%, em setembro de 2007, para a banda atual
de 0% a 0,25%- sejam eficazes
na melhora do setor financeiro.
E, quando a economia voltar
a crescer, a recuperação plena
do período de recessão deve
durar mais do que dois ou três
anos, segundo Bernanke. Mas,
diz ele, o "cenário para a atividade econômica é alvo de incerteza considerável, e eu acredito que, de maneira geral, os
riscos negativos provavelmente superam os positivos".
Sobre os bancos, ele afirmou
que a estatização de grandes
instituições não é necessária
para garantir sua viabilidade.
"Não vejo nenhum motivo para
destruir o valor da franquia ou
para criar enormes incertezas
legais na tentativa de formalmente estatizar um banco
quando isso não é necessário."
As declarações de Bernanke
sobre os bancos ajudaram, em
um dia repleto de notícias econômicas negativas, a Bolsa de
Nova York a encerrar a sequência de pregões em queda que a
levou para o menor nível desde
1997, na crise asiática. O índice
Dow Jones terminou o dia com
valorização de 3,32%, aos
7.350,94 pontos, ainda o menor
patamar em seis anos.
A evolução dos mercados financeiros contrastou com uma
série de indicadores e balanços
de empresas negativos. A confiança do consumidor americano, que já estava em seu menor
nível histórico, recuou ainda
mais neste mês, de 37,4 pontos,
em janeiro, para 25 -há um
ano, marcava 76 pontos.
O índice do instituto Conference Board mostra ainda que
os consumidores não esperam
uma recuperação da economia
nos próximos seis meses.
Os gastos dos consumidores
são o principal motor da economia dos EUA, e os balanços de
grandes redes varejistas mostram como elas sofrem com a
situação: a Home Depot perdeu
US$ 54 milhões em três meses,
a Macy's teve queda de 58,7%
no lucro, e a Target, de 41%.
Já os preços das casas recuaram mais 18,2% no quarto trimestre de 2008 ante igual período de 2007, a maior queda
do índice S&P/Case-Shiller.
A estabilização do setor imobiliário americano é vista como
imprescindível para a estabilização macroeconômica, já que
foram os problemas nos papéis
atrelados a ele que iniciaram a
crise financeira global
Com o "New York Times" e agências internacionais
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