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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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RECEITA ORTODOXA

Para agência, tarifas públicas ainda vão exercer pressões no meio do ano e Selic encerra 2003 em 22,5%

Inflação deixa juros no alto até agosto, diz Merrill Lynch

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Os juros no Brasil só começarão a cair de forma consistente a partir de agosto, opina a Merrill Lynch em seu último relatório sobre a economia do país.
A análise aponta pressões inflacionárias no meio do ano vindas de aumentos em tarifas públicas como a razão para os juros não caírem. Ainda assim, diz a Merrill Lynch, é possível haver uma "surpresa" em maio, mês que, acredita, poderá apontar a inflação mais baixa no ano até então. Mas isso não se converteria em tendência de declínio dos juros.
Mesmo a partir de agosto, de qualquer forma, a queda não seria tão significativa. Na opinião da Merrill Lynch, os juros estarão, ao final do ano, na casa de 22,5%.
Na semana passada, o BC manteve a taxa básica de juros em 26,5%, mas com "viés de alta" -ou seja, pode elevar a taxa a qualquer momento.
A preocupação em manter os juros nos altos níveis como antídoto à inflação encontra eco em uma análise de um outro banco, o JP Morgan. "O tom cauteloso é totalmente justificado. À parte o barulho originado do preço do petróleo e do câmbio, o comportamento recente dos principais índice proporciona pouco conforto ao BC", diz a última análise que divulgou sobre o Brasil.
A despeito da análise que traça, a Merrill Lynch diz que é "inegável" que os juros reais estão altos no Brasil e que isso levanta questões sobre "o crescimento da economia, a dívida pública e a viabilidade do modelo econômico".
Outra fonte de atenção nas previsões econômicas para o Brasil é a situação política e o andamento das reformas do governo Lula.
"Continuamos a ser otimistas em relação a reformas estruturais, mas estamos preocupados que atrasos e concessões necessárias para o avanço possam não ser totalmente esperados pelo mercado", diz a Merrill Lynch.

Revisão
Por outro lado, a Merrill Lynch reviu para cima suas previsões de crescimento do Brasil em 2003.
Em sua opinião, o PIB poderá crescer 1,6% -a previsão anterior era de 1,1%. Em 2004, o crescimento do PIB chegaria a 2,9%.
Mesmo assim, ressalta o banco, sua estimativa para este ano é inferior à média da pesquisa Focus, feita pelo BC com analistas, que põe o número em 2%.
Para o câmbio, sua previsão para o final do ano foi mantida: o dólar estará cotado a R$ 3,45.


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