São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2010

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Lula reavalia saída de dirigente do BC para eleição

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reavalia os prós e contras da saída de Henrique Meirelles da presidência do Banco Central. Segundo a Folha apurou, Lula teme abalar a aliança do PT com o PMDB em apoio à pré-candidata petista ao Palácio do Planalto, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
Nas últimas duas semanas, dirigentes do PMDB conversaram com a cúpula do PT. Disseram que a insistência em indicar Meirelles para vice de Dilma poderia inviabilizar a aliança entre os dois partidos.
O PMDB fechou com o nome do presidente do partido, Michel Temer (SP), para vice de Dilma. Se Lula e o PT vetarem Temer, há chance de o partido optar por não apoiar oficialmente Dilma, o que seria uma vitória do virtual candidato do PSDB, o governador de São Paulo, José Serra.
Questionado ontem sobre o assunto, Lula afirmou que a decisão do vice caberá a Dilma, descartando que pretenda indicar alguém para a chapa.
"O vice da Dilma é da Dilma. É dela e dos partidos que com ela compuserem a aliança política", afirmou Lula, para depois completar: "Eu já escolhi a candidata a presidente, agora vou escolher o vice também? Já é demais".
Sem aliança oficial, o PT perderia o tempo de TV do PMDB e facilitaria arranjos pró-Serra nos Estados, que hoje esbarram na aliança prometida entre petistas e peemedebistas no âmbito federal.

Reserva de Temer
Até a semana passada, o cenário mais provável era a saída de Meirelles para disputar um cargo nas eleições de outubro. A Folha apurou que Lula deseja fazer uma última reflexão em conversa com Meirelles, nos próximos dias. A decisão tem de ser tomada até 2 de abril, véspera do prazo para que candidatos em outubro deixem cargos no Executivo.
Meirelles continua insistindo na ideia de deixar o cargo para virar vice de Dilma. Ele acha que tem um trunfo: a força de Lula para impor seu nome ao PMDB. Meirelles torce para que novas pesquisas de intenção de voto confirmem a tendência de crescimento de Dilma. Ou seja, com a pré-candidata mais forte, o PMDB se renderia ao seu nome se Lula quiser bancá-lo.
Auxiliares do presidente avaliam que isso é uma aposta muito arriscada. Reservadamente, petistas aventam a possibilidade de Meirelles ser uma espécie de reserva de Temer, caso o presidente do PMDB, uma vez indicado vice, seja obrigado a renunciar ao posto. Ou seja, um bombardeio a Temer na campanha abriria espaço para Meirelles. Essa possibilidade é considerada uma ofensa pela cúpula do PMDB, o que gerou atritos com o PT nos bastidores.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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