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Regra do BC pode reduzir a entrada de dólares
Recursos obtidos com a venda de ações em
Bolsa no exterior não precisarão ser trazidos
Meirelles nega que medida
vise influenciar na cotação
da moeda; remessas ao
exterior não precisarão mais
de autorização prévia do BC
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central anunciou
mudanças nas regras cambiais
que podem reduzir a entrada de
moeda no país e permitir a saída mais rápida de recursos. O
presidente do BC, Henrique
Meirelles, negou que haja intenção de influenciar as cotações do dólar. Afirmou, contudo, que as alterações vão reduzir custos e evitar distorções na
formação da taxa de câmbio.
Entre as principais mudanças está a permissão para que
os dólares obtidos nas vendas
de papéis de empresas brasileiras nas Bolsas internacionais
(ADRs, por exemplo) fiquem
depositados fora do país, reduzindo a entrada de dólares.
Hoje, isso já é possível em relação ao dinheiro das exportações. Antes, os recursos com a
venda desses papéis tinham de
entrar no país em até cinco
dias. A alteração não vale para
os bancos, que seguem regras
próprias e continuam com a
obrigação.
Além disso, não será mais necessário esperar por autorização prévia do BC para fazer remessas de capital para o exterior. O registro das operações,
no entanto, continua obrigatório. O BC também vai permitir
que o Tesouro Nacional compre dólares com mais antecedência para honrar seus compromissos externos. Hoje, pode
fazer a aquisição, no máximo,
um ano antes. O prazo sobe para 750 dias.
Ao todo, o BC unificou 60
normas em vigor e revogou outras 320, que já estavam em desuso ou desatualizadas, para reduzir burocracias e custos,
além de agilizar as transações
com o exterior. Segundo Meirelles, o BC está atualizando uma
legislação que reflete a época
em que o país tinha carência de
dólares e era forçado a tomar
decisões para alterar o fluxo de
moeda estrangeira.
"A finalidade não é fazer com
que suba o valor do dólar. É
uma modernização. Já se foi o
tempo em que se tomava decisões visando influenciar a taxa,
alterar o fluxo. Não precisamos
mais fazer isso", afirmou.
Segundo ele, não há intenção
de influenciar a taxa por meio
das recentes intervenções do
Banco Central no câmbio. Neste ano, o BC comprou US$ 4,5
bilhões, em um período em que
houve mais dólares saindo do
que entrando no país -uma
saída de US$ 1,7 bilhão.
O BC também dará mais liberdades aos agentes não financeiros que atuam com câmbio, como corretoras e agências
de turismo. Eles poderão ter
conta em moeda estrangeira
em mais de um banco em uma
mesma praça no Brasil, o que
era proibido. Isso deve ampliar
a concorrência nas negociações
de transferências ao exterior.
O BC não prevê outras mudanças na área de capitais estrangeiros no curto prazo.
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