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Brasil lidera ranking mundial de spams
País é origem de 14% de todos os e-mails indesejados do mundo, estima multinacional espanhola de segurança on-line
Maioria das mensagens visa roubar dados bancários, disfarçando links maliciosos; enriquecimento do país atrai cibercriminosos, diz analista
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
Não é só projeção internacional positiva que o Brasil tem ganhado com sua ascensão econômica. O país é agora o campeão mundial de spams, tendo
sido a origem de 14% do lixo
virtual que entupiu caixas de e-mail pelo mundo nos dois primeiros meses do ano. E o principal foco é fraude bancária.
Os dados estão em um levantamento apresentado ontem
pela multinacional espanhola
de segurança na rede Panda Security. Segundo os responsáveis pelo PandaLabs, braço de
pesquisa da empresa, a proliferação de spams e cibercrimes é
resultado direto do desempenho da economia brasileira.
"A questão da lei é delicada,
mas a razão para tantos cibercrimes no Brasil é porque lá há
dinheiro", disse à Folha por telefone Luiz Corrons, diretor
técnico do PandaLabs. "O cibercriminoso quer dinheiro."
O levantamento, feito por
meio da análise de 5 milhões de
e-mails de spam em janeiro e
fevereiro, mostra que saem do
Brasil quase 14% dos spams do
mundo. O vice-campeão é outro emergente, a Índia, proveniência de 11% dos spams, seguida pela Coreia do Sul. Os
EUA, antes líderes, aparecem
só em quinto, após o Vietnã.
O estudo do PandaLabs é o
primeiro da série. Mas um relatório da multinacional americana Cisco Systems divulgado
em dezembro mostra que em
2009 o Brasil foi, pela primeira
vez, o campeão de spams, com
7,7 trilhões de e-mails do tipo.
Segundo o PandaLabs, a
maior parte dos spams brasileiros é de trojans que contêm
softwares para phishing -traduzindo: e-mails com arquivos
executáveis e links, disfarçados
como mensagens de bancos ou
mesmo anexos de fotos, que se
instalam no computador, roubam senhas e outros dados.
Um exemplo são os e-mails
que usam nomes de bancos.
"Tem tanto, mas tanto spam de
banco brasileiro que criamos
aqui na empresa uma categoria
de spam só para isso, chamada
Banbras", disse um funcionário
do setor de comunicação.
Corrons afirma que um dos
motivos para a proliferação dos
cibercrimes é a falta de uma legislação internacional uniforme. Pior, diz: "Não há nenhum
país que tenha hoje uma legislação que abranja todos os setores na internet". "Coordenar
as leis e a polícia de tantos países para combater esse tipo de
crime é quase impossível."
A empresa alerta também
que uma parcela significativa
dos spams é disparada de unidades escravizadas (computadores infectados por trojans).
O nome spam vem de um esquete do grupo Monty Python
dos anos 70, no qual os clientes
de um restaurante eram inundados com pratos e sugestões
de spam -um tipo de carne
processada e enlatada popular
na Inglaterra pós-guerra. O esquete pode ser visto em
www.youtube.com/watch?v=3kjdrl6qjwY.
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