São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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Papéis expõem bastidores do negócio

DA REPORTAGEM LOCAL

Os documentos da Telefônica mostram que a empresa cogitou comprar a Embratel sozinha, ou com um banco, caso a associação com Telemar e Brasil Telecom falhasse. Era o chamado "Plano B".
Um relatório de 3 de dezembro de 2003 menciona que as teles fariam uma reunião para fechar o acordo sobre a futura repartição dos ativos da Embratel.
Se houvesse divergência, a Telefônica partiria para o "Plano B". Se houvesse concordância, buscaria assegurar que ninguém usaria outra empresa para apresentar uma proposta em separado.
Já naquela ocasião, ela considerava como melhor alternativa a compra conjunta pelas três e a cisão de seus serviços e clientes. O negócio da telefonia de longa distância seria vendido a terceiros.
Esta opção foi batizada de "Plano 3-B" e deveria ser completada pela Telefônica com a compra da Intelig, que presta serviços de longa distância, ou da GVT, empresa de telefonia fixa que atua nas regiões Sul e Centro-Oeste do país.
Como as outras duas concessionárias também cobiçam a Intelig, o trio assinou um documento em que cada uma se compromete a não comprar essa operadora enquanto durar o consórcio Calais.
Com base nos papéis, vê-se que as três gigantes se aliaram, em parte, para impedir que uma delas levasse a empresa sozinha, o que é descrito como o pior dos cenários pelo grupo Telefónica, em texto produzido em Madri .
O relatório, em 10 de março, estima que a telefonia fixa da Telefônica perderia de 9% a 14% de seu valor se Telemar e Brasil Telecom comprassem a Embratel.
Se a Telmex ficar com a Embratel, diz o texto, haverá revanche. A Telefônica buscará comprar a mexicana Avantel, concorrente da Telmex. Esse cenário mostra que a disputa no Brasil é parte de uma competição pelos mercados da América Latina entre os espanhóis e o empresário mexicano Carlos Slim, da Telmex.
As teles buscaram baratear o preço da Geodex do Brasil. A solução, citada em vários dos documentos, seria propor que a empresa fosse adquirida pela Embratel e diluir o custo entre os acionistas minoritários . As teles arcariam com só 40% do custo.
Na hipótese de vencerem a disputa com a Telmex, as teles têm compromisso de repassar US$ 31 milhões para a Geodex, por subscrição privada de títulos de dívida. As empresas não esclareceram a razão da operação, uma vez que o trio assumiu a responsabilidade por todas as despesas que a Geodex tenha na gestão da Calais.
Em relatório de janeiro, há referência a negociações com as Organizações Globo para exploração conjunta de transmissões de dados em alta velocidade. Para isso, a Telefônica alugaria a estrutura da Net (Globocabo). Segundo o documento, a Telemar teria dito à Telefônica que a negociação com a Globocabo, para atuar fora de São Paulo, ""quebraria o entendimento" entre as teles. (EL e MCC)


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