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ESTATAL
Apontada como "cabide de empregos" por ex-presidente, subsidiária da Eletrobrás tem estrutura reduzida para 4 contratados
Após denúncias, Lightpar decide cortar funcionários
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A estatal Eletrobrás promove
uma ampla reestruturação na sua
subsidiária Lightpar e reduz o número de funcionários de 13 para
quatro. O enxugamento foi motivado por denúncias de seu ex-presidente Joaquim de Carvalho
de que a companhia funcionava
como um cabide de empregos,
publicadas pela Folha em março
deste ano.
O novo modelo de gestão prevê
a redução do número de integrantes do Conselho de Administração de seis para três. Na diretoria, o número de vagas cairá das
atuais quatro para duas. Todos os
assessores da diretoria serão dispensados.
A avaliação da direção da Eletrobrás é a de que não havia mais
necessidade dessa estrutura para
gerir uma empresa que não possui operações nem ativos. A única
atribuição da Lightpar é administrar uma dívida de R$ 700 milhões
deixada pela Eletronet, empresa
da qual a Eletrobrás (por meio da
Lightpar) tem 51% de participação acionária.
O objetivo inicial da direção da
estatal era liquidar a Lightpar,
mas não pode tomar tal decisão
porque teria de assumir o passivo
da empresa sozinha. Diante disso,
a melhor opção foi manter a companhia ativa, mas reduzir seus
custos fixos com a diminuição do
número de quadros.
Com a reestruturação, a gestão
da dívida da companhia será conduzida pelos diretores Marcelo
Figueiredo e Luiz Manuel Claro
Soares -este especializado em
contabilidade.
Além da diretoria, Figueiredo
acumulará a função de conselheiro. Ao seu lado no Conselho de
Administração, estão Sinval Zaidan, representante do Ministério
de Minas e Energia, e Ariel Peres,
secretário de Planejamento e Investimento Estratégico do Ministério do Planejamento.
Criada em 1998 para abrigar a
participação da Eletrobrás na Eletronet, a Lightpar só colecionou
prejuízos. O que parecia ser um
negócio promissor na época
-explorar a rede de transmissão
de energia elétrica em alta tensão
das subsidiárias da Eletrobrás de
56.000 km para a transmissão de
dados- converteu-se num péssimo investimento após o estouro
da bolha da internet.
A situação se agravou ainda
mais porque a sócia da Eletrobrás
na Eletronet, a norte-americana
AES (dona dos outros 49% da Eletronet), entrou em crise e acabou
por abandonar o negócio, deixando todo o ônus para a estatal.
Com o objetivo de interromper
as perdas, Luiz Pinguelli Rosa, então presidente de Eletrobrás, deixou a Eletronet ir à falência em
2003, mas manteve uma pesada
estrutura de gestão.
Em entrevista à Folha em março, Joaquim de Carvalho, que deixou a presidência da Lightpar em
dezembro passado, disse que a
empresa funcionava como um
"cabide de empregos".
Depois da publicação da reportagem, o número de funcionários
caiu de 28 para 13. Até que agora a
direção da Eletrobrás optou por
fazer um novo corte e deixar a
companhia com apenas quatro
funcionários. Os diretores da
Lightpar têm salários de R$
14.350. Os assessores da diretoria
recebiam R$ 10.600 -todos foram demitidos no novo corte de
pessoal.
Além dos salários, parte dos
executivos da Lightpar receberia
auxílio-moradia de R$ 1.800, de
acordo com a reportagem da Folha em março.
O objetivo da Eletrobrás com a
reestruturação tornar a Lightpar e
a Eletronet lucrativas, invertendo
o histórico recente das duas companhias.
Fontes da Eletrobrás revelaram
que os diretores recebiam 14 salários por ano e que três deles atribuíram a si próprios R$ 28.700
(dois salários cada um) em 2005
para custear despesas com suas
mudanças, embora já morassem
no Rio de Janeiro.
Com despesas maiores que suas
receitas, a Lightpar acumulou
prejuízo de R$ 742 mil entre janeiro e julho de 2005. A Lightpar tem
como principal fonte de dinheiro
pequenas participações acionárias em empresas do setor elétrico. Desde que a Eletronet faliu, a
Lightpar, que era a sua controladora, deixou de ter razão para
existir.
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