São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2006

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MERCOSUL

Presidentes do Brasil e da Argentina têm encontro hoje em São Paulo; objetivo é demonstrar que o bloco está unido

Lula e Kirchner tentam mostrar sintonia

FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES

O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, chega a São Paulo hoje para se reunir com Luiz Inácio Lula da Silva para tentar demonstrar que há sintonia entre os dois maiores sócios do Mercosul, quando o bloco chega a um ponto agudo de sua crise, agravada pela "guerra das papeleiras".
Kirchner trará a São Paulo seu principal ministro, Julio de Vido (Planejamento), e o chanceler Jorge Taiana. A reunião entre os presidentes está prevista para as 19h. Amanhã junta-se a eles o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, novo integrante do bloco disposto a ganhar cada vez mais espaço, fazendo-se mediador das queixas dos sócios menores: Paraguai e Uruguai.
Como a estratégia da Argentina é que a crise com os uruguaios não ganhe os holofotes da reunião, funcionários argentinos têm reafirmado que trata-se de uma agenda bilateral, em que afinarão o discurso dos sócios na negociação do Mercosul com a União Européia -há uma cúpula em em maio.
O problema é que é difícil um consenso e manter as "papeleiras" longe enquanto o Uruguai afirma que a Argentina rompe com a institucionalidade do bloco ao não convocar o Conselho do Mercosul para discutir os bloqueios argentinos na fronteira contra as fábricas de celulose.

Passagem bloqueada
Diferentemente do que esperava a Casa Rosada (sede do governo), Kirchner vai conversar com Lula enquanto argentinos ainda bloqueiam a principal passagem terrestre com o Uruguai. Os ambientalistas prometem manter a interrupção até 1º de maio, e o Uruguai diz já ter perdido US$ 400 milhões. Ontem, um grupo de comerciantes da cidade mais afetada pelos bloqueios, Fray Bentos, anunciou que entrará na Justiça contra o Estado argentino.
O Brasil está mais que acompanhando a crise. Há duas semanas, o presidente Lula conversou pessoalmente com a presidente da Finlândia, Tarja Halonen, em nome de uma saída negociada com a Botnia, uma das "papeleiras". O chanceler Celso Amorim também conversou com todos os envolvidos no conflito.
Nos bastidores, a posição brasileira se aproxima da do Uruguai: é melhor que o problema seja discutido no Mercosul antes de ir a tribunais internacionais. Seria uma demonstração de força institucional quando ganham novo impulso queixas paraguais e quando começa, também hoje, a viagem de Tabaré Vázquez por México e EUA, com forte agenda comercial. Na semana que vem, ele se reúne com o presidente dos EUA, George W. Bush.


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