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MERCOSUL
Presidentes do Brasil e da Argentina têm encontro hoje em São Paulo; objetivo é demonstrar que o bloco está unido
Lula e Kirchner tentam mostrar sintonia
FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES
O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, chega a São Paulo
hoje para se reunir com Luiz Inácio Lula da Silva para tentar demonstrar que há sintonia entre os
dois maiores sócios do Mercosul,
quando o bloco chega a um ponto
agudo de sua crise, agravada pela
"guerra das papeleiras".
Kirchner trará a São Paulo seu
principal ministro, Julio de Vido
(Planejamento), e o chanceler Jorge Taiana. A reunião entre os presidentes está prevista para as 19h.
Amanhã junta-se a eles o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, novo integrante do bloco disposto a ganhar cada vez mais espaço, fazendo-se mediador das
queixas dos sócios menores: Paraguai e Uruguai.
Como a estratégia da Argentina
é que a crise com os uruguaios
não ganhe os holofotes da reunião, funcionários argentinos têm
reafirmado que trata-se de uma
agenda bilateral, em que afinarão
o discurso dos sócios na negociação do Mercosul com a União Européia -há uma cúpula em em
maio.
O problema é que é difícil um
consenso e manter as "papeleiras" longe enquanto o Uruguai
afirma que a Argentina rompe
com a institucionalidade do bloco
ao não convocar o Conselho do
Mercosul para discutir os bloqueios argentinos na fronteira
contra as fábricas de celulose.
Passagem bloqueada
Diferentemente do que esperava a Casa Rosada (sede do governo), Kirchner vai conversar com
Lula enquanto argentinos ainda
bloqueiam a principal passagem
terrestre com o Uruguai. Os ambientalistas prometem manter a
interrupção até 1º de maio, e o
Uruguai diz já ter perdido US$
400 milhões. Ontem, um grupo de
comerciantes da cidade mais afetada pelos bloqueios, Fray Bentos,
anunciou que entrará na Justiça
contra o Estado argentino.
O Brasil está mais que acompanhando a crise. Há duas semanas,
o presidente Lula conversou pessoalmente com a presidente da Finlândia, Tarja Halonen, em nome
de uma saída negociada com a
Botnia, uma das "papeleiras". O
chanceler Celso Amorim também
conversou com todos os envolvidos no conflito.
Nos bastidores, a posição brasileira se aproxima da do Uruguai: é
melhor que o problema seja discutido no Mercosul antes de ir a
tribunais internacionais. Seria
uma demonstração de força institucional quando ganham novo
impulso queixas paraguais e
quando começa, também hoje, a
viagem de Tabaré Vázquez por
México e EUA, com forte agenda
comercial. Na semana que vem,
ele se reúne com o presidente dos
EUA, George W. Bush.
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