São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2006

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CRISE NO CAMPO

Ministro volta a cobrar medidas para o setor, que já recebeu ajuda do governo de R$ 16,8 bilhões neste mês

Rodrigues quer isenção para insumo agrícola


DE NOVA YORK

Após seguidas apresentações sobre o rigor fiscal e corte de despesas do governo brasileiro ontem, em Nova York, foi a vez de o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pedir mais recursos e ajuda -na forma de isenção tributária para insumos e equipamentos, além de facilidades para seguros agrícolas- para contornar a "crise" que atinge o setor.
Em palestra, abordou a questão com ironia. Ao pedir desculpas pelo inglês quebrado, disse que não teve tempo de aprender o idioma porque estava com uma crise, ligada a outros setores, sentada em seu colo. Neste mês, o governo já havia sido anunciado um pacote de R$ 16,8 bilhões em auxílio para a Agricultura, que sofre com a queda do câmbio, tornando as exportações brasileiras mais caras. Mas Rodrigues quer mais esforço para aliviar o agricultor.
Questionado se estava aborrecido com a situação de sua pasta, disse: "A questão é que não consegui avançar na redução de problemas do setor. Quero criar políticas estruturais anticíclicas, como seguro rural, redução de impostos para insumos. Mas, em razão da crise, não é possível". Um dos projetos que citou é o "Fundo Catástrofe", de resseguros para o setor, mas não deu mais detalhes.
Sobre o pleito de Rodrigues, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que um grande esforço já havia sido feito com o pacote anunciado e disse que mais auxílio precisaria ser analisado. Ele reconheceu que o setor tem sofrido, mas minutos antes estava detalhando a necessidade de cortar gastos de forma "forçada".
Segundo Rodrigues, o governo está ciente da gravidade da crise, que afeta setor responsável por um terço do PIB e responsável por boa parte do superávit comercial. O país é o principal produtor de álcool, açúcar, café e suco de laranja. Segundo o ministro, há potencial para aumentar em 50% a área de plantio em 15 anos.
"O governo percebeu que há um potencial desequilíbrio econômico. Até maio esperamos dispor de medidas estruturais para reduzir os custos da produção e garantir os rendimentos", disse Rodrigues, que falou em deixar um "testamento" de políticas na pasta. Segundo ele, a perda de lucro chegou a R$ 30 bilhões nos últimos dois anos por causa da queda do dólar e da seca. (LS)


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