|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Petroleira BP investe no álcool brasileiro
British Petroleum será a primeira companhia de petróleo no mundo a produzir álcool combustível no Brasil, em Goiás
Empresa adquire 50% da Tropical BioEnergia, com investimento de R$ 1,6 bi; analistas vêem projeto de longo prazo e diversificação
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A divisão de biocombustíveis
da British Petroleum (BP), uma
das maiores petroleiras do
mundo, fechou ontem a aquisição de 50% da usina Tropical
BioEnergia S.A., até agora uma
joint venture entre a Santaelisa
Vale (tradicional produtora de
açúcar e álcool) e o grupo Maeda (grande produtor agrícola).
A unidade em construção está
instalada em Edéia, sul de
Goiás, e começa a produzir em
julho. O acordo prevê investimentos de R$ 1,66 bilhão.
É a primeira participação de
grande petroleira na produção
direta de álcool no Brasil, o que
inaugura, segundo analistas,
novo ciclo de investimento estrangeiro no setor num momento em que os biocombustíveis são atacados por organizações como ONU e FMI.
A indústria canavieira tem
atraído fundos e bancos de investimento, como Carlyle e
Goldman Sachs, seguido de
grandes comercializadoras de
commodities, como Louis
Dreyfus (francesa) e Mitsui (japonesa), além de investidores
como George Soros.
Com o acordo, a BP toma a
frente da Petrobras, que também será produtora de álcool. A
estatal assinou acordo com a
Mitsui, e as duas terão entre
30% e 40% de até dez usinas de
álcool, por enquanto, orientadas para exportação. Segundo a
Petrobras, os estudos avaliam a
instalação de unidades com capacidade de produção de 200
milhões de litros por ano. A primeira unidade, em Itarumã
(GO), inicia produção em 2009.
A Petrobras tem meta de exportar 4,5 bilhões de litros de
álcool combustível em 2012.
Também quer construir um alcoolduto de 1.056 quilômetros
do Centro-Oeste ao litoral, investimento de US$ 1 bilhão.
Analistas consideram a entrada das petroleiras nos biocombustíveis um plano de longo prazo. "Embora o investimento da BP ou da Petrobras
seja marginal em relação ao tamanho das empresas, o fato é
que as companhias estão se
aproximando de um setor que
promete ganhar muita relevância nos próximos anos", disse
Nelson de Matos, analista do
BB Investimentos para o setor
do petróleo.
Mesmo ainda pequeno em
relação ao mercado de combustíveis, o álcool é o produto potencialmente com maior capacidade de tomar uma parte do
mercado da gasolina. E é o que
está ocorrendo com vigor no
Brasil e nos EUA. Aqui, metade
do combustível líquido já é álcool.
Vladimir Pinto, analista do
Unibanco, explica que o movimento da BP e da Petrobras reflete mudança mundial do setor. "As petroleiras não se percebem mais como companhias
de petróleo, mas como empresas de energia", diz Pinto.
O interesse da BP pela pequena Tropical decorre disso.
Para Philip New, presidente da
BP Biofuels, o Brasil construiu
uma "indústria sofisticada" que
produz combustível renovável
e que não concorre com a produção de alimentos. A Tropical
inicia a produção com 2,5 milhões de toneladas de cana processada, mas projeta chegar a
4,8 milhões em 2010.
Texto Anterior: Luiz Carlos Mendonça de Barros: Ainda a questão dos juros Próximo Texto: Artigo: Produzam os biocombustíveis corretos Índice
|