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Indústria pressiona
por reajuste de preços
ADRIANA MATTOS
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Alguns setores da indústria começaram a pleitear novos reajustes de preços, que podem não
chegar tão cedo às prateleiras. Até
o momento, as lojas não deram o
sinal verde para as remarcações.
O comércio de alimentos, de
eletrônicos e de eletrodomésticos
informa que há pressão por aumentos, mas que a queda-de-braço entre indústria e varejo não
passou da mesa de negociações.
Só no setor de móveis o consumidor deve notar reajustes agora.
O aperto na renda do trabalhador no último ano e o repique nas
taxas de desemprego foram as razões alegadas pelo comércio ao
fornecedor para evitar novos aumentos. "Eles [fornecedores] podem até ter a intenção de aumentar os preços, mas até isso chegar
ao consumidor é outra conversa",
diz Marcelo Bazzali, diretor de
gestão de categoria do Extra.
Nas conversas informais com o
varejo, os empresários dizem que
a recente elevação no barril do petróleo e a disparada na cotação do
dólar tiveram efeitos perversos
em suas contas. Isso pode ocorrer
porque componentes eletrônicos,
borracha e plástico, por exemplo,
têm insumos importados. Mas o
comércio contesta a justificativa.
Explica-se: muitos fabricantes
de bens duráveis têm contratos de
hedge (proteção cambial) que evitam que a fábrica perca dinheiro
quando o dólar dispara. Mesmo
que a moeda suba de valor, esse
impacto seria questionável.
Além disso, as empresas trabalham com contratos de compra
de insumo com preço definido.
Portanto, ainda que o produto sofra impactos com a subida do petróleo, como é o caso do plástico,
uma elevação no valor do petróleo pode não ter efeito imediato
nas contas dos fornecedores. A
Folha apurou que, até agora, o
que existe de mais concreto é uma
negociação para elevação nos preços de móveis, de 2% a 3%.
A pressão da indústria eletrônica por aumentos de preços ocorre
desde janeiro deste ano. As fábricas de TVs querem reajustes entre
8% e 15%. As de lavadoras de roupas e geladeiras, entre 5% e 10%.
"Só que não aceitamos esses aumentos porque os consumidores
não têm condições de pagar
mais", afirma Valdemir Colleoni,
diretor da Lojas Cem.
João Carlos de Oliveira, presidente da Abras, associação que
reúne os supermercados, disse
ontem que os preços dos produtos estão estáveis e até em queda.
"Por enquanto, as lojas têm estoque suficiente para aguardar uma
queda do dólar no período de 20
dias. Esperamos uma acomodação do dólar em torno de R$ 3,00
nos próximos 20 dias. Se continuar o atual patamar de R$ 3,20,
haverá conseqüências não só nos
produtos como nos insumos importados, caso do trigo", disse.
A indústria de papelão ondulado informa que os fornecedores
de aparas de papel estão há 30 dias
tentando aumentar preços. "Alguns conseguem reajustar. Outros, não. Há muita oferta e pouca
demanda", afirma Roberto Jeha,
diretor-presidente da Indústria
de Papel São Roberto.
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