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Bancos simulam plano com taxas defasadas
É preciso atenção ao fazer plano de previdência privada hoje; segundo consultores, retorno depende da conjuntura
Para reduzir impacto da queda da Selic nos planos, saída é aumentar o valor pago por mês e buscar taxas de administração menores
DA SUCURSAL DO RIO
O consultor de idiomas Hugo
Dart, 33, fez uma previdência
privada há dois anos, para se
aposentar aos 60. Aplica R$ 100
em um plano que investe 40%
do dinheiro em ações.
"Não me abalei com as perdas no fim do ano passado. Tenho tempo para recuperar [as
perdas]", afirma.
A opção de Dart é um dos caminhos para quem quer aumentar o retorno da previdência no país dos juros baixos, segundo os especialistas.
"Com a queda dos juros, só
quem corre riscos aumenta a
rentabilidade", diz Hélio França, professor do Ibmec-Rio.
"Um plano que invista em
ações deverá ganhar mais no
longo prazo, se ainda faltam alguns anos para se aposentar."
Existem no mercado diversos planos VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) ou
PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), de acordo com a
predisposição do cliente a correr riscos. Os valores aplicados
no PGBL podem ser deduzidos
em até 12% da renda tributável
-o que diminui o Imposto de
Renda pago. Os fundos VGBL
são indicados para quem faz a
declaração simplificada do imposto ou não declara.
Os planos de renda fixa, mais
conservadores, investem só em
títulos públicos -ou, no máximo, pequena parte em títulos
de empresas. O único risco é de
a rentabilidade cair, como agora, e ganhar menos dinheiro,
mas o de perder dinheiro é
muito baixo.
Os bancos vêm aumentando
a oferta de planos de renda variável, que investem em ações.
São mais arriscados, mas, segundo especialistas, podem garantir mais retorno.
"Dos nossos recursos, 65%
estão em planos com pelo menos 10% em ações", diz Gustavo
Lendimuth, gerente de previdência do HSBC. O limite do investimento, por lei, é 49%.
Só é preciso ter sangue frio.
No ano passado, com a queda
da Bolsa em mais de 40%, clientes sacaram o dinheiro de seus
planos. "Esses perderam a recuperação dos últimos meses",
diz João Batista Mendes, superintendente da Brasilprev.
Outra saída para reduzir o
impacto da queda da Selic é aumentar o valor pago por mês.
"Um plano de previdência é
um investimento: quem poupa
mais terá mais. Com a vantagem de não pagar o Imposto de
Renda antes da aposentadoria", afirma Osvaldo do Nascimento, diretor de previdência
do Itaú Unibanco.
Os clientes devem pesquisar
as menores taxas de administração cobradas pelos bancos e
mudar para o melhor. "Uma taxa de 3%, com juro real de 6%,
destrói a rentabilidade", alerta
Francisco Galiza, da Rating de
Seguros Consultoria.
Por fim, deve-se usar simuladores de previdência dos sites
dos bancos com cautela. No
Unibanco e no Bradesco, a taxa
estimada é de 11% -fora, portanto, da realidade atual.
No HSBC, na Brasilprev (que
tem o Banco do Brasil como sócio) e na Caixa Econômica Federal, o cliente escolhe a rentabilidade entre 4% e 12%. Todos
informam que a taxa não é garantida. "O retorno depende da
conjuntura econômica. Não é o
cliente que escolhe", explica
Galiza. "Quem usar o simulador deve escolher a rentabilidade mais baixa", diz Antônio
Cássio dos Santos, presidente
da federação das entidades de
previdência privada.
Os bancos se adaptam aos
novos tempos. O Itaú Unibanco
está fazendo palestras para explicar aos clientes o efeito da
queda de juros nos planos. A
Brasilprev criou um extrato
mais detalhado, com comentários sobre a tendência das taxas
e simulações.
(SAMANTHA LIMA)
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