São Paulo, segunda-feira, 25 de maio de 2009

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Bancos simulam plano com taxas defasadas

É preciso atenção ao fazer plano de previdência privada hoje; segundo consultores, retorno depende da conjuntura

Para reduzir impacto da queda da Selic nos planos, saída é aumentar o valor pago por mês e buscar taxas de administração menores

DA SUCURSAL DO RIO

O consultor de idiomas Hugo Dart, 33, fez uma previdência privada há dois anos, para se aposentar aos 60. Aplica R$ 100 em um plano que investe 40% do dinheiro em ações.
"Não me abalei com as perdas no fim do ano passado. Tenho tempo para recuperar [as perdas]", afirma.
A opção de Dart é um dos caminhos para quem quer aumentar o retorno da previdência no país dos juros baixos, segundo os especialistas.
"Com a queda dos juros, só quem corre riscos aumenta a rentabilidade", diz Hélio França, professor do Ibmec-Rio. "Um plano que invista em ações deverá ganhar mais no longo prazo, se ainda faltam alguns anos para se aposentar."
Existem no mercado diversos planos VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) ou PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), de acordo com a predisposição do cliente a correr riscos. Os valores aplicados no PGBL podem ser deduzidos em até 12% da renda tributável -o que diminui o Imposto de Renda pago. Os fundos VGBL são indicados para quem faz a declaração simplificada do imposto ou não declara.
Os planos de renda fixa, mais conservadores, investem só em títulos públicos -ou, no máximo, pequena parte em títulos de empresas. O único risco é de a rentabilidade cair, como agora, e ganhar menos dinheiro, mas o de perder dinheiro é muito baixo.
Os bancos vêm aumentando a oferta de planos de renda variável, que investem em ações. São mais arriscados, mas, segundo especialistas, podem garantir mais retorno.
"Dos nossos recursos, 65% estão em planos com pelo menos 10% em ações", diz Gustavo Lendimuth, gerente de previdência do HSBC. O limite do investimento, por lei, é 49%.
Só é preciso ter sangue frio. No ano passado, com a queda da Bolsa em mais de 40%, clientes sacaram o dinheiro de seus planos. "Esses perderam a recuperação dos últimos meses", diz João Batista Mendes, superintendente da Brasilprev.
Outra saída para reduzir o impacto da queda da Selic é aumentar o valor pago por mês.
"Um plano de previdência é um investimento: quem poupa mais terá mais. Com a vantagem de não pagar o Imposto de Renda antes da aposentadoria", afirma Osvaldo do Nascimento, diretor de previdência do Itaú Unibanco.
Os clientes devem pesquisar as menores taxas de administração cobradas pelos bancos e mudar para o melhor. "Uma taxa de 3%, com juro real de 6%, destrói a rentabilidade", alerta Francisco Galiza, da Rating de Seguros Consultoria.
Por fim, deve-se usar simuladores de previdência dos sites dos bancos com cautela. No Unibanco e no Bradesco, a taxa estimada é de 11% -fora, portanto, da realidade atual.
No HSBC, na Brasilprev (que tem o Banco do Brasil como sócio) e na Caixa Econômica Federal, o cliente escolhe a rentabilidade entre 4% e 12%. Todos informam que a taxa não é garantida. "O retorno depende da conjuntura econômica. Não é o cliente que escolhe", explica Galiza. "Quem usar o simulador deve escolher a rentabilidade mais baixa", diz Antônio Cássio dos Santos, presidente da federação das entidades de previdência privada.
Os bancos se adaptam aos novos tempos. O Itaú Unibanco está fazendo palestras para explicar aos clientes o efeito da queda de juros nos planos. A Brasilprev criou um extrato mais detalhado, com comentários sobre a tendência das taxas e simulações.
(SAMANTHA LIMA)


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