São Paulo, quinta, 25 de junho de 1998

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MERCADO TENSO
Otimismo leva Bolsa a ter alta de 3,3%
FMI acena com novo pacote para a Rússia

das agências internacionais

As negociações entre Rússia e FMI (Fundo Monetário Internacional) progrediram ontem, dando sinais positivos ao mercado sobre a possibilidade de nova ajuda financeira ao país.
A missão do FMI que está no país desde o começo da semana anunciou que devem ser liberados os US$ 670 milhões do pacote de US$ 9,2 bilhões definido em 1996. A remessa havia sido adiada em virtude do não-cumprimento de medidas fiscais recomendadas pelo fundo.
O FMI também reavivou as esperanças do governo russo de receber nova ajuda de cerca de US$ 15 bilhões para evitar uma desvalorização do rublo, a moeda local.
O diretor-adjunto do FMI, Stanley Fischer, disse que a resposta do fundo ao pedido de ajuda da Rússia ocorrerá após a análise criteriosa do pacote anticrise anunciado na terça-feira pelo governo.
"Com as medidas anunciadas pela Rússia, nós podemos discutir o pacote. Antes precisamos observar o programa cuidadosamente. Não seria sensato conceder mais recursos sem avaliar as condições do Orçamento", disse Fischer.
As declarações de Fischer foram o primeiro sinal concreto de que uma nova ajuda para estabilizar o rublo estaria a caminho, segundo a avaliação feita ontem por investidores.
O relativo otimismo fez ontem a Bolsa de Valores russa subir 3,3% e registrar sua maior alta em uma semana. O principal índice do mercado acionário caiu cerca de 55% este ano, influenciado principalmente pelas desconfianças a respeito da situação financeira do país.
Fischer afirmou ontem, no entanto, que as negociações com a Rússia deverão se prolongar por mais dois meses. A ajuda deverá incluir também contribuições de bancos privados e de outras instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial.
Pacote realista
Analistas avaliaram ontem que o pacote anticrise apresentado pelo governo russo seria doloroso, mas o consideraram bastante realista. Ainda há dúvidas, no entanto, sobre a aprovação do plano no Parlamento.
O programa anticrise, criado pelo premiê russo, Serguei Kirienko, inclui cortes no Orçamento, redução dos juros -as taxas atuais são de 60%-, diminuição do endividamento do governo e criação de novos impostos regionais para aumentar a arrecadação.
O governo russo precisa ampliar suas reservas externas e deve ainda honrar dívidas que vencem até o final do ano e alcançam aproximadamente US$ 30 bilhões.



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